Na véspera da chamada Super Quarta, que reunirá decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos, economistas revisaram as projeções para a política monetária brasileira. O ASA agora espera uma alta de 25 pontos-base na Selic, levando a taxa para 15% ao ano na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) marcada para esta quarta-feira (18).
Antes, a casa previa manutenção da taxa em 14,75%, mas segundo o economista Leonardo Costa, a mudança no tom das comunicações do Banco Central nas últimas semanas levou à revisão. “O Copom passou a indicar, ainda que de forma implícita, que novas altas estão sobre a mesa”, afirmou.
Sinais mistos sobre juros no balanço de riscos
Segundo Costa, os dados econômicos recentes sugerem um cenário ambíguo:
- Por um lado, a atividade econômica em abril veio mais fraca, com desaceleração visível em setores como agropecuária e indústria.
- Por outro, a inflação de maio mostrou melhora qualitativa, com alívio em componentes importantes do IPCA-15.
Apesar disso, o cenário internacional continua desafiador, e a memória inflacionária do primeiro trimestre, mais pressionada, ainda inspira cautela. “As falas mais recentes dos membros do Copom foram decisivas para revermos o cenário. Há uma mudança clara de postura”, avaliou o economista do ASA.
Banco Central pode evitar sinalizações futuras sobre os juros
Mesmo com uma eventual alta nesta reunião, o ASA acredita que o Copom deve evitar dar sinais sobre os próximos passos, mantendo a comunicação dependente dos dados. “O comitê deve calibrar o tom, espelhando o que o mercado já precifica, diante da volatilidade acumulada”, explicou Costa.
Fed também decide juros na Super Quarta
No cenário internacional, o destaque fica para a decisão do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos. A economista Andressa Durão, também do ASA, projeta manutenção da taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, sem mudanças relevantes no comunicado do comitê.
Segundo ela, o mercado estará atento à atualização das projeções econômicas do FOMC, que podem indicar um adiamento no início do ciclo de cortes. “Powell deve manter o discurso de que a política monetária está bem calibrada, sem pressa para afrouxamentos, mesmo diante da incerteza global”, afirmou Durão.