A inflação ao consumidor nos Estados Unidos, o CPI, subiu 0,1% em maio, desacelerando frente à alta de 0,2% registrada em abril, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Departamento do Trabalho. O resultado veio abaixo da projeção do mercado, que esperava avanço de 0,2% no mês.
Já o núcleo do CPI, que exclui os preços mais voláteis de alimentos e energia, também registrou alta de 0,1%, ante 0,2% no mês anterior. A expectativa era de um avanço mais robusto, de 0,3%, o que reforça a leitura de que a pressão inflacionária pode estar arrefecendo de forma mais consistente.
Na comparação anual, o CPI cheio avançou 2,4%, acima dos 2,3% registrados em abril, mas ainda abaixo do consenso do mercado, de 2,5%. Já o núcleo da inflação manteve-se estável em 2,8% ao ano, levemente abaixo da projeção de 2,9%.
CPI: mercado na mira Fed após leitura mais branda
Com a inflação surpreendendo para baixo tanto no índice cheio quanto no núcleo, os investidores voltam a reprecificar as expectativas sobre a trajetória dos juros nos EUA. O mercado monitora atentamente os próximos passos do Federal Reserve.
Embora não se espere mudança nos juros na próxima reunião, os dados de inflação reforçam o cenário de que o Fed poderá iniciar um ciclo de cortes ainda em 2025, caso o processo de desinflação continue no ritmo atual.
CPI: alívio momentâneo e alerta para pressão
Segundo Fabio Fares, especialista em análise macro, apesar de o dado vir abaixo do consenso e indicar um alívio pontual, o mercado não deve se empolgar excessivamente. “É um número bom, mas ainda insuficiente para alterar a postura do Fed. Sabemos que as leituras de junho e julho tendem a ser mais pressionadas. E o próprio Fed já sinalizou que, sem uma trajetória clara rumo à meta de 2%, não há espaço para corte de juros. Portanto, é um dado positivo, mas de impacto limitado no curto prazo”, avalia.
Segundo Andressa Durão, economista do ASA, o dado de maio reforça um cenário de inflação mais benigna no curto prazo, mas ainda não suficiente para provocar uma mudança de postura do Federal Reserve. “Apesar da surpresa baixista no CPI e no núcleo, o Fed seguirá cauteloso. A autoridade monetária tem deixado claro que precisa de sinais mais consistentes de desaceleração, especialmente nos serviços, antes de considerar cortes. Além disso, o dado do PPI e os preços de importação ainda podem alterar a leitura do PCE, o que exige prudência nas apostas de política monetária”, avalia.
Para William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, o CPI de maio reforça o cenário de desinflação gradual nos Estados Unidos, mas ainda insuficiente para garantir uma mudança clara de direção por parte do Federal Reserve. “O mercado reagiu bem, com alívio nos juros futuros e leve alta nas bolsas, mas o Fed continuará dependente de dados, principalmente do mercado de trabalho. O relatório mostra que, embora o núcleo venha cedendo, ainda há rigidez em componentes como habitação, o que exige cautela. A autoridade monetária quer ver uma desaceleração mais ampla e persistente antes de cortar juros”, afirma.
