O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 3,4% em 2024 em relação ao ano anterior, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expansão foi impulsionada pelo setor industrial (3,3%) e pelo setor de serviços (3,7%), enquanto a agropecuária apresentou uma retração de 3,2%.
Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 11,7 trilhões, e o PIB per capita atingiu R$ 55.247,45, com um avanço real de 3,0% frente a 2023. A taxa de investimento alcançou 17,0% do PIB, um leve aumento em relação aos 16,4% registrados no ano anterior. Por outro lado, a taxa de poupança recuou de 15,0% para 14,5%.
Setores econômicos
O desempenho da agropecuária foi impactado por adversidades climáticas que reduziram a produtividade de importantes culturas, como a soja (-4,6%) e o milho (-12,5%). Já o setor industrial teve um crescimento notável, puxado pela construção civil, que avançou 4,3%, além da alta na produção de veículos, máquinas e equipamentos elétricos e produtos alimentícios.
No setor de serviços, todas as atividades registraram crescimento, com destaque para informação e comunicação (6,2%), comércio (3,8%) e atividades financeiras (3,7%). O consumo das famílias avançou 4,8%, impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido, maior oferta de crédito e programas de transferência de renda.
Comparação trimestral do PIB e expectativas para 2025
Na comparação com o terceiro trimestre de 2024, o PIB variou 0,2%, com leve alta na indústria (0,3%) e nos serviços (0,1%), enquanto a agropecuária teve queda de 2,3%. Frente ao quarto trimestre de 2023, o PIB cresceu 3,6%, marcando o 16º resultado positivo consecutivo.
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, destacou que o crescimento do PIB, embora levemente abaixo da projeção de 3,5%, superou as expectativas iniciais do ano passado, que giravam em torno de 1,5%. Ele ressaltou o desempenho positivo da indústria, com crescimento de 3,3%, algo que não se via há anos, puxado pela construção civil. Por outro lado, a retração da agropecuária não surpreendeu. Para 2025, Cruz projeta “um crescimento de 2,5%, com a agropecuária voltando a ser um dos destaques, com expansão entre 7,5% e 10%, enquanto a indústria pode apresentar uma leve desaceleração, crescendo entre 1% e 2%“.
O cenário econômico para 2025 também será influenciado pela taxa de investimento, que segue abaixo do ideal. “Apesar do aumento para 17% do PIB, o número ainda está distante da média de 22% observada em outros países da América Latina“, ressaltou o estrategista. “Ainda assim, o Brasil encerra 2024 com um saldo positivo, registrando três anos consecutivos de crescimento acima de 3%“, concluiu.
Reação do governo
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, classificou o resultado do PIB de 2024 como “muito acima das projeções do início do ano”. Ela destacou o papel da indústria e dos serviços como os principais motores da economia, impulsionando o crescimento do país. Sobre a queda do setor agropecuário, Tebet atribuiu o desempenho negativo às adversidades climáticas enfrentadas ao longo do ano. No entanto, a ministra demonstrou otimismo para 2025, afirmando que o agronegócio deve se recuperar e voltar a ser um dos destaques positivos da economia brasileira.