A startup chinesa DeepSeek ganhou destaque internacional ao desenvolver uma IA avançada capaz de competir diretamente com as maiores tecnologias ocidentais do setor. O projeto chamou atenção por sua capacidade de processamento e sofisticação algorítmica, e baixo custo, levantando debates sobre o domínio tecnológico global e a influência da China na corrida pela supremacia da IA. Com investimentos robustos e apoio estatal, a DeepSeek rapidamente se posicionou como um dos principais nomes do setor, gerando preocupações sobre seu impacto na economia, no mercado de trabalho e até na geopolítica mundial.
As ações das grandes empresas de tecnologia amargam forte queda na última segunda-feira (27). E quem abalou a estrutura dessas companhias, que vinham atraindo olhares positivos ao longo de 2024 com o boom da inteligência artificial (IA), foi a chinesa DeepSeek.
Um debate além do DeepSeek: os impactos das IA na estrutura mundial
O avanço da inteligência artificial tem provocado transformações profundas em diversas áreas, indo além da influência direta da DeepSeek. Setores como indústria, serviços financeiros e saúde estão passando por mudanças significativas com a adoção de tecnologias baseadas em IA. O impacto não se limita apenas à automação de processos, mas também à reconfiguração da força de trabalho e da estrutura econômica global.
Análise macro do cenário
Segundo Fabio Fares, especialista em análise macroeconômica, a IA terá impactos profundos nos principais fatores econômicos globais:
- Crescimento do PIB – A inteligência artificial aumenta a produtividade, tornando as economias que a adotam rapidamente mais competitivas. Os países que liderarem essa revolução terão grande vantagem sobre os demais, consolidando-se como potências econômicas.
- Inflação – No curto prazo, a IA pode reduzir custos e, consequentemente, segurar a inflação. No entanto, se houver choques no mercado de trabalho devido à substituição da mão de obra humana, a desigualdade pode aumentar, levando a pressões inflacionárias no longo prazo.
- Mercado de Trabalho – Muitas profissões deixarão de existir, ao passo que novas oportunidades surgirão. O grande desafio será a requalificação dos trabalhadores, pois a transição para empregos mais técnicos pode ser complicada para muitas pessoas.
- Taxa de Juros – Se a IA impulsionar a produtividade sem gerar inflação, os Bancos Centrais poderão reduzir taxas de juros, favorecendo investimentos. No entanto, caso a instabilidade no emprego se torne uma preocupação, os governos poderão precisar intervir, ajustando a política monetária.
- Desigualdade – O domínio da IA pode concentrar ainda mais riqueza nas mãos de grandes corporações e países tecnologicamente avançados. Sem políticas eficazes de inclusão digital e capacitação profissional, a desigualdade social pode aumentar significativamente.
- Geopolítica – A IA tem potencial para redefinir o comércio global, reduzindo a dependência de mão de obra barata. Isso pode impactar países que baseiam sua economia na manufatura de baixo custo, como a China.
Fares destaca que, “além disso, a disputa entre EUA e, China pela liderança na IA pode trazer novos desafios para o mercado“. E que seu maior receio é que “vamos ter que pensar em uma renda global, muita gente não vai conseguir se qualificar para os empregos“.