A crise interna no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ganhou novos contornos em 2025, com a saída de Elizabeth Hypolito, diretora de Pesquisas, e de João Hallack Neto, diretor-adjunto. Além disso, romores também indicam que outras duas diretoras, Ivone Batista e Patrícia Costa, responsáveis pela área de Geociências, também devem deixar os cargos em breve. A decisão, conforme apurações, decorre da falta de diálogo entre a presidência e os diretores.
Os afastamentos acontecem em meio a uma crise interna do órgão oficial de estatística. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge), em nota, disse que, embora os diretores tenham optado por não expor publicamente o que os levaram a essas decisões, a entrega dos cargos “mostra o agravamento da crise no IBGE”, e que eles teriam entregado seus cargos por um “desgaste” com a gestão atual.
Além da saída de diretores, desde setembro, foram realizadas diversas manifestações e uma paralisação por parte dos servidores. Na convocação para o primeiro protesto, o sindicato citou “medidas autoritárias” de Pochmann. O texto pedia a alteração do “comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação às diversas alterações em curso no instituto”.
Motivações da Crise no IBGE
A crise interna no IBGE está centrada em três principais pontos. O primeiro deles é a criação da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (Fundação IBGE+), fundação de caráter público-privado lançada em julho, mas só comunicada em setembro, pela intranet do IBGE.
Segundo o sindicato da categoria, a fundação pode representar um risco à soberania geoestatística brasileira por permitir interferência de interesses privados. O projeto foi implementado sem consulta ao Conselho Diretor e gerou uma “Carta à sociedade brasileira e à comunidade científica” com severas críticas.
“Decisões recentes da atual direção do IBGE colocam em risco a soberania geoestatística brasileira”, destaca o documento, que foi enviado a entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB).
Outros fatores que elevaram a insatisfação dos servidores foi a transferência de funcionários de um prédio no centro do Rio de Janeiro para o Horto Florestal, uma localização de difícil acesso por transporte público. Além disso, o presidente do instituto, Márcio Pochmann, decidiu cobrar aluguel do sindicato pela ocupação de uma sala em um dos edifícios. Essas medidas, somadas ao fim do teletrabalho integral, alimentaram um clima de tensão.
Em suma, para analistas e ex-líderes do instituto, a saída dos diretores evidencia insatisfação com a gestão de Pochmann.