O ano de 2024 trouxe um aumento alarmante nos casos de coqueluche no Brasil, com registros que ultrapassam um crescimento de 1.000% em comparação ao ano anterior. Este fenômeno tem sido observado principalmente em estados como Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Em São Paulo, por exemplo, os dados revelam um aumento impressionante de 3.436% nos casos registrados, conforme o boletim epidemiológico mais recente da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
Segundo especialistas, a diminuição na cobertura vacinal é um dos principais fatores que contribuem para esse cenário. A médica infectologista Rosana Richtmann, consultora de vacinas, destaca que a redução das taxas de vacinação resulta em bolsões de indivíduos suscetíveis à doença, permitindo que a coqueluche se espalhe com mais facilidade. Ela afirma que a alta contagiosidade da coqueluche pode desencadear surtos quando a cobertura vacinal não é suficiente.
Quais populações estão mais suscetíveis à coqueluche no Brasil?
No Brasil, a coqueluche afeta majoritariamente a população branca, que representa 48% dos casos, seguida pela população parda com 33%. Há ainda um percentual significativo de 15% de casos sem informações sobre raça ou cor. Um grupo que merece atenção especial são as gestantes. Dados indicam que apenas cerca de 50% das gestantes recebem a vacina tríplice bacteriana (DTP) durante a gravidez, aumentando o risco de recém-nascidos não terem proteção contra a doença.
Como a ausência de vacinação impacta o ciclo natural da coqueluche?
A coqueluche tende a apresentar ciclos naturais de surto a cada 5 a 8 anos. O último ciclo significativo ocorreu em 2014, o que fazia prever um aumento nos casos nos anos seguintes. A falta de vacinação acelera este ciclo, agravando a situação nos últimos meses. Além disso, a maior disponibilidade de testes diagnósticos, especialmente entre pessoas com melhor acesso aos serviços de saúde, tem contribuído para uma detecção mais eficaz dos casos, embora isso não se aplique uniformemente a toda população.
Como essa doença se espalha?
A coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa, causada pela bactéria Bordetella pertussis. A principal forma de transmissão ocorre através do contato direto com uma pessoa infectada, por meio de gotículas respiratórias expelidas durante a tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Quais são os sintomas?
A coqueluche pode provocar crises intensas de tosse seca, febre, mal-estar, coriza e, em situações mais graves, vômitos e dificuldades respiratórias.
Complicações decorrentes da coqueluche podem incluir infecções de ouvido, pneumonia, desidratação, convulsões e até mesmo parada respiratória e morte, particularmente em crianças abaixo de seis meses. A gravidade destas complicações reforça a necessidade de imunização através da vacinação.
Como prevenir?
A melhor forma de prevenir a coqueluche é através da vacinação. É importante seguir o calendário vacinal recomendado para crianças e adolescentes, e manter a vacinação em dia para adultos. Além disso, algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de transmissão:
- Higiene das mãos: lavar as mãos frequentemente com água e sabão é fundamental para evitar a propagação da bactéria.
- Cobertura da boca e nariz: ao tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel ou com o cotovelo pode ajudar a prevenir a disseminação das gotículas respiratórias.
- Evitar contato com pessoas doentes: se possível, evite contato próximo com pessoas que apresentem sintomas de coqueluche.
Como a vacinação pode ajudar na prevenção da coqueluche?
A vacinação continua sendo a medida mais efetiva para prevenir a coqueluche. De acordo com o Ministério da Saúde, crianças de até seis anos devem ser imunizadas com a vacina pentavalente. Gestantes, por sua vez, são incentivadas a receber a vacina do tipo adulto (dTpa) para assegurar a imunização dos recém-nascidos desde o nascimento. A implementação de um programa de vacinação abrangente e a conscientização sobre a importância desta imunização são essenciais para controlar o avanço da doença no país.
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