A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) realizou uma audiência pública recentemente para discutir atualizações na regulamentação dos planos de saúde no Brasil. Entre os principais pontos debatidos, destacou-se a revisão técnica dos planos de saúde individuais, um tema que tem atraído a atenção do setor bancário e das operadoras. Segundo analistas do Bradesco BBI, esse elemento é crucial para reequilibrar as carteiras de planos de saúde que apresentam déficits financeiros.
Por que a revisão técnica é importante?
A revisão técnica se torna essencial diante de alguns desafios enfrentados pelo setor de saúde suplementar:
- Desequilíbrio financeiro: Muitas carteiras de planos individuais apresentam desequilíbrios financeiros, com custos médicos superiores à receita com as mensalidades.
- Envelhecimento da população: O aumento da expectativa de vida e o consequente envelhecimento da população elevam a demanda por serviços de saúde, pressionando os custos.
- Incorporação de novas tecnologias: A constante evolução da medicina e a incorporação de novas tecnologias encarecem os tratamentos.
- Heterogeneidade dos planos: A grande variedade de planos individuais no mercado dificulta a gestão e o controle dos custos.
Quais são os impactos nos Planos Individuais?
Um dos objetivos centrais da ANS com a nova regulamentação é ajustar a precificação dos planos individuais e garantir compensações adequadas para as operadoras. Para tal, é necessário o estabelecimento de indicadores claros que demonstrem as ameaças à sustentabilidade financeira das operadoras devido às suas carteiras. A representatividade dessas carteiras no portfólio total da operadora será um dos parâmetros avaliados. Além disso, a operadora deve demonstrar a comercialização ativa de planos individuais, tanto em termos de tempo quanto de volume.
- Reajuste de preços: É provável que alguns planos individuais sofram reajustes de preços para adequar as mensalidades aos custos reais.
- Alterações na cobertura: Algumas operadoras podem precisar ajustar a cobertura dos seus planos, incluindo ou excluindo determinados procedimentos ou redes credenciadas.
- Maior rigor na comercialização: As operadoras poderão ser mais criteriosas na comercialização de planos individuais, buscando um perfil de beneficiários mais equilibrado.
- Impacto no setor bancário: Bancos que atuam no mercado de saúde podem ser afetados pela revisão técnica, principalmente aqueles que oferecem planos de saúde próprios ou em parceria com operadoras.
- Benefícios para os consumidores: A longo prazo, a revisão técnica pode garantir a sustentabilidade das operadoras, evitando a interrupção dos serviços e garantindo a qualidade da assistência médica.
Análise de mercado
O mercado de ações, especificamente as empresas listadas na Bolsa de Valores, também está atento às mudanças. Em análise do Bradesco BBI, algumas empresas como SulAmérica e Bradesco podem não se qualificar para os benefícios esperados dessa regulamentação, uma vez que os planos individuais representam apenas 6% e 8% de suas receitas totais, respectivamente. Em contraste, a Hapvida e a Notre Dame Intermédica, que possuem índices de sinistralidade inferiores aos parâmetros estipulados pela ANS, provavelmente não seriam significativamente afetadas pelas alterações propostas.
Segundo a análise do Bradesco BBI, a Amil se destaca como uma potencial favorecida pelas novas normas. A operadora atende aos critérios de elegibilidade e possui uma carteira de planos individuais com elevada sinistralidade, o que representa uma significativa parcela de suas receitas. A regulamentação pode melhorar a lucratividade da Amil e, consequentemente, aumentar a competitividade no mercado de saúde.
Expectativas para o futuro
A ANS continua a trabalhar nas diretrizes específicas que irão compor a regulamentação final. O setor de saúde suplementar aguarda com expectativa o desenrolar das definições, uma vez que as mudanças têm o potencial de impactar diretamente a dinâmica de mercado e o equilíbrio entre as operadoras. As próximas etapas incluem a deliberação sobre os indicadores e a formulação de regras que incentivem a sustentabilidade econômica das operadoras, garantindo que todos os atores no setor possam operar de maneira eficiente e sustentável.
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