O consumo de peixe durante a gravidez pode reduzir em cerca de 20% a probabilidade de diagnóstico de transtorno do espectro autista (TEA), especialmente em mulheres, conforme um recente estudo realizado por Harvard. O peixe é amplamente conhecido como uma fonte rica em ácidos graxos ômega-3, nutrientes fundamentais para o desenvolvimento neurológico infantil e a saúde materna. Curiosamente, essa relação benéfica não foi observada com o uso de suplementos que contêm os mesmos ácidos graxos.
De acordo com a análise do ECHO Cohort, aproximadamente 25% das mulheres grávidas relataram consumir peixe raramente, menos de uma vez por mês. Além disso, um número ainda menor compartilhou que faz uso de suplementos de óleo de peixe ômega-3. A pesquisadora Emily Oken, da Harvard Medical School, destacou a importância desses achados para a compreensão do impacto da dieta pré-natal nos resultados relacionados ao autismo.
A Relação entre peixe e autismo: O que os estudos dizem?
- Redução do risco: Diversos estudos apontam para uma associação entre o consumo regular de peixe durante a gravidez e uma menor probabilidade de o bebê desenvolver o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
- Ômega-3: O possível elo: Acredita-se que os ácidos graxos ômega-3, presentes em abundância em peixes como salmão, atum e sardinha, desempenhem um papel crucial no desenvolvimento cerebral do feto e podem ajudar a prevenir o autismo.
- Proteção contra outros distúrbios: Além do autismo, o consumo de ômega-3 durante a gravidez também está associado à redução do risco de outros distúrbios neurodesenvolvimentais.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores da Harvard analisaram dados de cerca de 4 mil mulheres grávidas. Eles examinaram minuciosamente a relação entre a ingestão de peixe e a utilização de suplementos de ômega-3 com os resultados no neurodesenvolvimento dos filhos. As participantes categorizaram seu consumo de peixe em diversas frequências, desde menos de uma vez por mês até duas ou mais porções semanais.
O estudo revelou que o consumo regular de peixe durante a gravidez está associado à menor possibilidade dos filhos apresentarem diagnóstico de autismo. Essa associação positiva foi observada consistentemente entre todos os níveis de consumo de peixe. A ingestão de peixe também traz outros benefícios comprovados para a saúde, como a redução do risco de parto prematuro e melhor desenvolvimento cognitivo infantil.
Embora o consumo de peixe tenha mostrado uma clara associação com a redução de características relacionadas ao autismo, o mesmo não pode ser dito para os suplementos de ômega-3. Pesquisas anteriores sugerem que os nutrientes obtidos diretamente dos alimentos são mais eficazes do que aqueles adquiridos através de suplementos, enfatizando a importância de uma dieta balanceada e rica em nutrientes naturais.
Qual é a quantidade ideal de peixe a ser consumida na gravidez?
Os pesquisadores categorizam o consumo de peixe entre as participantes em diferentes níveis: menos de uma vez por mês, mais de uma vez por mês, menos de uma vez por semana, semanalmente e duas ou mais porções por semana. Cerca de 20% dos participantes relataram não consumir peixe algum, enquanto a maioria também não utilizava suplementos de ômega-3. No entanto, aqueles que consumiam peixe com maior frequência apresentavam menores chances dos filhos serem diagnosticados com autismo.
“Nosso estudo contribui para um crescente conjunto de evidências que demonstram o papel que a dieta pré-natal pode desempenhar nos resultados relacionados ao autismo na prole”, disse Emily Oken, pesquisadora do ECHO Cohort. “Este estudo fornece ainda mais evidências para a segurança e benefício do consumo regular de peixe durante a gravidez,” conclui a pesquisadora.
Em resumo, a inclusão de peixe na dieta das gestantes não só apoia a saúde materna, mas também pode desempenhar um papel crucial na redução do risco de TEA e melhorar o desenvolvimento cognitivo das crianças.