O Brasil tem registrado um aumento significativo nos casos de coqueluche em 2024. A doença voltou a ser um motivo de grande preocupação para as autoridades de saúde, particularmente após a Secretaria de Saúde do Paraná confirmar, no dia 25 de julho, a primeira morte causada pela doença no país após três anos sem óbitos.
Desde o início do ano, o Distrito Federal confirmou 44 casos de coqueluche, superando os 34 casos registrados em todo o ano de 2023. Nos meses de junho e julho, foram contabilizados 36 casos, e outros 20 ainda estão sob investigação. Já em São Paulo, o número de casos subiu para 192, de janeiro até o final de junho, representando um aumento de seis vezes em relação ao ano anterior.

O que está causando o aumento dos casos de coqueluche?
O salto no número de casos é especialmente alarmante, pois a coqueluche é uma doença altamente contagiosa. Estima-se que uma pessoa infectada pode transmitir a doença para até 17 outras pessoas. Como uma doença respiratória, a coqueluche tende a se disseminar mais durante o inverno, mas outros fatores estão contribuindo para os surtos atuais.
1.Diminuição da Imunidade Coletiva:
- Adesão insuficiente à vacinação: No Brasil, a principal vacina contra a coqueluche é a pentavalente, distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para garantir a proteção comunitária, a cobertura vacinal deveria ser de 95%. No entanto, em 2022, a cobertura ficou em 77,2% e, em 2023, subiu modestamente para 83,7%. Dados de 2024 indicam que a meta de cobertura vacinal dificilmente será alcançada.
2. Características da Doença:
- Alta transmissibilidade: A coqueluche é uma doença altamente contagiosa, transmitida por gotículas respiratórias,facilitando a disseminação em ambientes fechados e com aglomerações.
- Período de incubação prolongado: O período de incubação da coqueluche pode ser longo, o que dificulta a identificação precoce dos casos e o controle da transmissão.
- Sintomas atípicos em adultos: Em adultos, os sintomas da coqueluche podem ser mais leves ou atípicos,dificultando o diagnóstico e levando a um subnotificação dos casos.
- Circulação de variantes do agente causador: A possibilidade de surgimento de variantes da bactéria Bordetella pertussis, com características diferentes, pode influenciar na transmissibilidade e na gravidade da doença.
Quais são os sintomas e a gravidade da Coqueluche?
A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis. Com a diminuição da vacinação, essa bactéria encontra condições favoráveis para se espalhar. A transmissão ocorre por gotículas respiratórias, e o principal sintoma é uma tosse seca persistente, que pode durar até três meses. Outros sintomas incluem mal-estar geral, coriza e febre baixa.
A doença, embora geralmente não seja fatal, é particularmente perigosa para bebês, especialmente os prematuros. Há vacinas específicas, como a hexavalente, para proteger bebês que nascem com menos de 33 semanas de gestação.
Como prevenir a coqueluche?
- Vacinação: A vacina contra a coqueluche é a principal forma de prevenção da doença. É fundamental que todas as crianças sejam vacinadas de acordo com o calendário vacinal e que os adolescentes e adultos recebam as doses de reforço recomendadas.
- Higiene das mãos: Lavar as mãos frequentemente com água e sabão é uma medida importante para prevenir a transmissão de diversas doenças, incluindo a coqueluche.
- Cobertura da boca ao tossir ou espirrar: Utilizar lenços descartáveis ou o antebraço para cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar ajuda a prevenir a disseminação das gotículas respiratórias.
- Isolamento de casos confirmados: Os casos confirmados de coqueluche devem ser isolados para evitar a transmissão da doença para outras pessoas.
A coqueluche é uma doença grave e muito contagiosa que requer atenção e cuidados preventivos. O aumento dos casos em 2024 serve como um alerta sobre a importância de manter altas taxas de vacinação para evitar surtos que podem voltar a ser fatais. A responsabilidade é de todos e todas: famílias, profissionais de saúde e gestores públicos, trabalhando juntos para proteger a população, especialmente os mais vulneráveis.