Em dia de superquarta, o Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed) divulgou hoje (31) o seu comunicado dizendo que decidiu manter a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano, uma decisão que foi unânime entre os membros do comitê.
A taxa de desconto também foi mantida em 5,5% ao ano. A decisão reflete a análise do banco central sobre a economia do país, que continua a se expandir em um ritmo sólido, apesar de alguns desafios persistentes.
De acordo com o FOMC, os dados recentes indicam que os ganhos de emprego moderaram e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, embora permaneça em níveis historicamente baixos. A inflação desacelerou ao longo do último ano, mas ainda se mantém elevada, acima da meta de 2% do Fed.
No comunicado, o Fed ressaltou que, nos últimos meses, houve progresso em direção à meta de inflação de 2%, mas ainda não o suficiente para justificar cortes nas taxas de juros. “Não esperamos que seja apropriado cortar juros até que haja mais confiança na inflação”, afirmou o banco central.
O Fed deixou claro que continuará monitorando de perto os indicadores econômicos, incluindo a inflação e o mercado de trabalho, para determinar as próximas etapas de sua política monetária. “Estamos comprometidos em ajustar nossa política conforme necessário para atingir nossas metas de pleno emprego e estabilidade de preços”, afirmou o comunicado.
José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, conversou com o portal da BM&C News e analisou a decisão do Banco Central americano e as expectativas para o futuro da política monetária.
Alfaix começa dizendo que a decisão do Federal Reserve veio muito alinhada com as expectativas do mercado, que não acreditavam que o comunicado traria alguma mudança.
Segundo o economista, o comunicado “pontua a trajetória de declínio da atividade econômica, em especial o mercado de trabalho que vinha apresentando elevado dinamismo, mas destaca que o crescimento, apesar de menor, continua sólido”.
José fala que a melhora do cenário é reconhecida. “Com os últimos dados corroborando para a narrativa de desaceleração da economia. De qualquer maneira, o Banco Central americano permanece atento às duas faces de seu mandato dual, estabilidade de preços, e máximo emprego”.
Por fim, Alfaix diz que a balança de riscos se mostra menos assimétrica do que a que vimos nas últimas duas reuniões. “Eles estão caminhando em direção ao equilíbrio, entretanto, o FED ainda reforça a sua já citada paciência, esperando que a tese de retração da atividade ganhe a força necessária para que vejamos um corte na taxa básica de juros”.
Fabio Fares, especialista em análise macro, também conversou com o portal da BM&C News e fez sua análise sobre a decisão.
Fabio Fares destacou um ponto crucial, que o mercado de trabalho ganhou um peso significativo na função de reação do banco central americano. O Fed, segundo Fares, demonstrou uma preocupação acentuada com a possibilidade de desaceleração econômica, o que poderia levar ao afrouxamento do mercado de trabalho, aumento do desemprego e desencadear um efeito dominó que impactaria negativamente vários setores, especialmente as dívidas.
Durante a reunião, houve até mesmo discussões sobre a possibilidade de cortes nas taxas de juros, o que indica um temor considerável sobre os potenciais efeitos adversos de um mercado de trabalho enfraquecido. Essa mudança de foco deixa claro que o Fed está observando com lupa o mercado de trabalho, priorizando a manutenção da sua robustez como forma de prevenir uma série de consequências econômicas indesejadas.
Fares conclui que a nova postura do Fed reforça a importância de acompanhar de perto as dinâmicas do emprego nos Estados Unidos, dado o impacto central que elas têm sobre a política monetária e a estabilidade econômica do país.
Outra opinião dada ao portal foi de José Maria, Coordenador de estratégia da Avenue.
Maria fala que o grande destaque do discurso é que Jerome Powell indicou que um possível corte nas taxas de juros pode estar em discussão para a reunião de setembro, dependendo da totalidade dos dados disponíveis.
Segundo o coordenador, Powell afirmou que um corte nas taxas de juros está “em cima da mesa” para a reunião de setembro, dependendo da análise dos dados econômicos dando sempre peso ao seu mandato dual de controlo dos preços e estabilidade do mercado de trabalho. A decisão será influenciada pela confiança nos dados disponíveis e suas implicações econômicas.