Enfim, rompemos a barreira dos 30 mil dólares, que por duas vezes marcou o topo do BTC em 2023. Mas e agora? Até onde podemos subir? Para começar esta análise, vamos observar os dados on-chain.
A região avermelhada do gráfico acima mostra o percentual de investidores de longo prazo, chamados de “Long-term holders” (aqueles que seguram suas moedas por mais de 6 meses), que estão no prejuízo nesse momento, com o BTC a $35k.
Algo que chama a atenção aqui é o quão alto está esse número. 29,6% dos investidores ainda estão no prejuízo, mesmo com a alta de 125% da moeda nos últimos 10 meses. Vamos analisar esse mesmo dado no passado.
Em 2012, vimos esse percentual de investidores de longo prazo no prejuízo quando o BTC subiu de $2 para $5, uma alta de aproximadamente 150%. Não vimos o preço cair mais do que isso e tivemos uma alta de 10.000% em 2 anos.
Em 2016, vimos essa marca ser atingida em $410, depois de subir mais de 160% a partir de $155. O preço não caiu mais depois disso. 2 anos depois, tivemos uma alta de 2.000%.
Em 2019, atingimos esse percentual em $7k, depois de subir aproximadamente 120% a partir do seu fundo de $3200. 2 anos depois, quase 800% de alta.
Em 2020, essa marca também foi atingida, mas revertemos uma semana depois, assim como a maioria dos mercados naquela situação pandêmica.
E agora chegamos ao presente. A lição que aprendemos aqui é que esses investidores costumam sair de suas posições compradas quando praticamente todos estão no lucro, e o caminho até lá é longo. Minha visão é que essa história irá se repetir, e em 2 anos estaremos por volta de $100k.
Olhando para o curto prazo, vejo duas resistências das mais importantes para este ano: $35k, onde estamos agora, e $40k. O topo do BTC estará entre esses preços, provavelmente.
Mas por que essas regiões são as mais importantes?
Antes de entendermos esses alvos, precisamos compreender os conceitos de acumulação e distribuição de preços.
O fundo do BTC, como você pode ver no gráfico acima, foi marcado por uma formação de cunha descendente, que para muitos é apenas um padrão gráfico, mas que nos conta a história de uma longa batalha entre touros e ursos, compradores e vendedores. Vamos analisar cada capítulo dessa história:
Em um primeiro momento, marcado no gráfico com o número 1, vemos um aumento de volume expressivo com um candle extremamente vendedor. Nessa semana (este é um gráfico semanal), o BTC caiu de aproximadamente $27k para aproximadamente $17k, uma queda de mais de 30%. É importante observar o IFR abaixo em zonas extremamente baixas (próximas de 25), marcando a sobrevenda do mercado. Após esse movimento, tivemos uma zona de intensa batalha entre compradores e vendedores, marcada pela fase 2. Nessa zona, vemos um sentimento misto. Muitos investidores querem comprar, enquanto outros, que acreditam em quedas ainda maiores, querem vender.
Na terceira fase vemos o mais importante dos movimentos. Apesar de o preço atingir níveis mais baixos do que na fase 1, vimos o IFR em níveis mais altos (acima de 30). Isso mostra que a quantidade de dias com fechamentos negativos nas últimas 14 semanas (esse é um IFR de 14 períodos) foi bem menor do que a quantidade de dias negativos que causaram a queda na fase 1. Ou seja, apesar de o preço estar caindo, temos um sentimento muito mais misto, com muitos investidores comprando, diferente da fase 1, onde o sentimento era predominantemente vendedor.
Posterior a isso vemos o preço romper a chamada cunha, mostrando que o sentimento comprador se sobressaiu ao vendedor, e o preço reverteu na fase 4. Essa história é contada no volume. Veja o forte aumento de volume comprador no rompimento da formação gráfica. A transição entre a fase 4 e 5 serve para confirmar toda essa história. Observe como o volume subia enquanto o preço subia e caía enquanto o preço caía. Esse é o padrão de uma tendência de alta: o preço sobe com volume crescente e recua com volume decrescente.
Aqui, você entendeu que a cunha descendente nada mais é do que uma história de acumulação de ativos no fundo. Mas e em relação aos alvos? Após romper o topo mais alto da cunha, marcado no gráfico em $25.207, todos os compradores dessa acumulação estão finalmente no lucro. E aí começa a distribuição. As compras começam a ser liquidadas aos poucos, até que a grande maioria dos Bitcoins ali comprados seja vendida.
Para identificar onde essa distribuição possa acabar e o sentimento predominantemente vendedor retorne ao mercado, utilizo a extensão de Fibonacci. Os compradores de Bitcoin vendem quando bem entenderem, mas depois de mais de 10 anos acompanhando a movimentação dos grandes players no mercado financeiro, afirmo que em 75-80% das vezes a distribuição será feita entre 100% e 161,8% de Fibonacci, a zona que marquei com uma onda branca no gráfico.
Concluo que ninguém pode prever o momento em que um conjunto de investidores sairá do mercado e venderá suas posições, mas podemos calcular a probabilidade de isso acontecer com base em seu histórico.
*Fernando Pereira é analista CNPI, gerente de conteúdos da Bitget, engenheiro pós-graduado em Análise de Ações e Finanças e trader com 10 anos de mercado financeiro.
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