Nesta quarta-feira (25), o presidente da Amec, Fabio Coelho, deu a sua opinião sobre a proposta da Petrobras (PETR4) em realizar mudanças no estatuto social da companhia.
Para ele, se a mudança chegar a ser aprovada pelo conselho da petroleira, a decisão pode trazer muitos riscos, como as indicações políticas para cargos dentro da estatal e que esse tipo de atitude só mostra, mais uma vez, que a governança da companhia está enfraquecida.
“Isso não tem outro nome! Podemos nos esconder por trás de comentários e jogos de palavras, mas esse risco fica eminente. Estamos vendo uma série de conflitos geopolíticos agora, então essa movimentação da Petrobrás é como se a gente tivesse vendo eventualmente uma movimentação de tropas em um determinado país, e aí ele alega assim: ‘não, é apenas um exercício militar’. A gente não pode tratar com naturalidade essa proposta de alteração estatutária”, afirma o presidente da Amec em participação na programação da BM&C News.
Indicações políticas em empresas privadas
Não é de hoje que o mercado teme a interferência política em empresas estatais como a Petrobras, ou até mesmo em casos como o da Tupy (TUPY3) que recentemente virou manchete das notícias após anúncio de que o BNDESPar indicou dois ministros para compor o conselho de administração da empresa.
Sobre esse assunto Fabio Coelho afirma que isso é um verdadeiro ‘filme de terror’, mas alega que o mercado precisa diferenciar empresas de cunho privado e companhias de cunho estatal.
“Um ponto que a gente precisa frisar é a autonomia que o investidor tem para fazer suas indicações conforme suas convicções. Então o mercado pode eventualmente concordar ou discordar. Mas o fato é que quando o investidor faz essas indicações ele está (ou deveria) buscar o melhor para a companhia. Então a gente teve indicações de certa forma desagradáveis [no caso da Tupy], mas que tiveram legitimidade por parte dos investidores”, explica Coelho.
Petrobras e a proposta de mudança na lei das estatais
O conselho de administração da Petrobras aprovou na última segunda-feira (23) uma propostas de mudanças no Estatuto Social que incluem o fim da vedação de indicações de conselheiros à empresa com base em trechos da Lei das Estatais (13.303/2016), derrubados pelo STF.
Além disso, propôs a criação de uma reserva de capital, assim como a necessidade de que as assembleias de acionistas da estatal sejam realizadas de forma parcialmente presencial.
As mudanças vão precisar passar pelo aval dos acionistas em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE), ainda a ser convocada. O anúncio teve forte impacto nas ações da estatal, que chegaram a cair mais de 5% no pregão de hoje.