O casamento aparentemente contraditório entre um bilionário capitalista com grupos de esquerda desperta a seguinte pergunta: como um bilionário, especulador do mercado financeiro, decidiu financiar grupos de esquerda? E por quê? Essa união entre os metacapitalistas e as esquerdas não traz grandes surpresas, pelo contrário, é perfeitamente compatível com os movimentos progressistas de hoje.
De acordo com o comentarista da Revista Oeste, Flávio Morgenstern, (em ótimo Podcast sobre o tema, no qual resumo parte das ideias abaixo), para compreender o casamento entre George Soros e grupos de esquerda, é fundamental entender quais são os objetivos da esquerda hoje e o que é Globalismo, fenômeno muito debatido no mundo, mas pouco discutido no Brasil.
Segundo Morgenstern, o grande objetivo da esquerda é um mundo de paz entre as pessoas. Na lógica da esquerda, para se alcançar a PAZ, seria necessário um Estado forte, além das fronteiras de um país, capaz de destruir todas as fontes de desigualdades na sociedade, seja ela racial, sexual ou até de renda. Mais do que isso, se tivéssemos um Estado com controle absoluto sobre a sociedade, acima das forças locais de um país, não haveria motivos para as nações entrarem em guerra. E é exatamente aí que entra o Globalismo de George Soros.
Teoria da conspiração? O brilhante filósofo inglês, Roger Scruton (ver obra Como ser um Conservador), nos diz que não. Segundo ele, a União Europeia foi criada justamente para ser um Estado acima dos governos locais a fim de evitar mais guerras na Europa. O ponto chave é que a união entre os povos não ocorreu de maneira espontânea, popular, de baixo para cima, mas imposta por uma agenda globalista onde as pessoas comuns não se vêm representadas pelas novas normas e leis impostas para a sociedade pelos burocratas de Bruxelas. A saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) só mostrou este descontentamento popular com a agenda globalista.
Se de um lado, a União Europeia é um exemplo real que nos ajuda a entender o Globalismo; por outro, a relação entre o financiamento dos globalistas (George Soros) com movimentos de esquerda não parece ser tão óbvia. Por que a Fundação de George Soros financia ONGs, “coletivos” e movimentos que defendem ideologias que hoje caracterizam a nova esquerda (new left): feminismo, ideologia de gênero, black lives matter, abortismo, legalização das drogas, livres fronteiras para imigração, desarmamentismo, etc?
A razão é simples: muitos destes movimentos de esquerda não são necessariamente contra o capitalismo de George Soros, mas contra valores e princípios conservadores, base da civilização ocidental, que representam obviamente uma resistência aos anseios globalistas das famílias Soros, Rockfeller, Ford, entre outras.
Uma hipótese plausível é que para estes metacapitalistas colarem em prática seu projeto de governo global é necessário enfraquecer qualquer resistência a esse super governo. Evidentemente que todos os elementos defendidos pela direita, principalmente pelos conservadores, são uma resistência ao poder global, tais como a família, a religião judaico-cristã, os poderes locais, o respeito às tradições, aos costumes e à liberdade individual. É muito difícil um governo moldar um comportamento numa sociedade em que os valores são transmitidos pela família ou pelo convívio social, e não pelo Estado. Na mesma linha, é quase impossível um governo impor sua agenda diante de costumes e tradições tão enraizadas na sociedade. De maneira mais simples: estes elementos conservadores representam uma resistência a qualquer tentativa de CONTROLE de governos sobre a sociedade civil.
Por isso, é perfeitamente compreensível George Soros, um super capitalista, financiar agendas progressistas mundo afora: os movimentos de esquerda de hoje lutam contra princípios conservadores, que são elementos de resistência ao projeto globalista de George Soros. Mais do que isso, muitos destes movimentos progressistas não lutam pelos mais oprimidos, mas se vendem como bem-intencionados, politizando problemas de fato reais, para imporem sua ideologia sobre a sociedade. Por exemplo, é evidente que existe machismo em diversas partes do mundo; o problema é politizar o tema para impor uma ideologia e um CONTROLE sobre a sociedade, transformando todo homem num potencial machista e toda mulher numa potencial vítima. Em outras palavras, por meio de uma guerra de narrativas, exploram-se ressentimentos para imporem uma agenda antiliberal e anticonservadora sobre a sociedade, financiada com o dinheiro de Soros.
Por fim, será mera coincidência uma pessoa adepta da ideologia de gênero defender também o desarmamento da sociedade civil, o aborto, o poliamor, ridicularizar o cristianismo e achar Emmanuel Macron um grande estadista? Por que será que é tão previsível saber a opinião cools da Vila Madalena e do Leblon sobre imigração, legalização das drogas, aborto, cotas, etc? Por que será que tantas pessoas pensam em bloco sobre todos estes temas? Não sei. Talvez George Soros saiba a resposta.