
A 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP26, acontece nesta semana em Glasgow, na Suécia, e traz a pauta da sustentabilidade à tona em todo o mundo. Ali, líderes mundiais, negociadores, representantes de governos e da indústria discutem as medidas a serem implementadas para conter o aquecimento global. Mas, afinal, o que tudo isso significa? Como o investidor fica em meio a essas questões? Pensando nestes aspectos, a BM&C conversou com especialistas para explicar os assuntos.
Carlos Cerqueira, professor de gestão sustentável da ESEG, Faculdade do Grupo Etapa, esclarece que essa reunião é considerada uma das mais importantes da história por combinar dois fatores: ser a primeira pós-pandemia, além de marcar os cinco anos do acordo de Paris, no qual os países se comprometeram a limitar o aumento de temperatura global em 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, o que traz oportunidade de retomar o crescimento da economia mundial, tendo em vista um crescimento mais limpo e sustentável.
A questão da sustentabilidade é um dos aspectos do ESG (sigla em inglês para Governança Ambiental, Social e Corporativa), que está cada vez mais valorizada e presente no mercado financeiro, analisa ele.
“Se uma empresa adota uma meta de redução de emissões ou de neutralização de carbono [que são pautas da COP26], ela aumenta o seu valor de mercado, dada a maior importância que os acionistas dão para essas práticas, o que incentiva cada vez mais as empresas a adotarem práticas sustentáveis ao invés de buscarem o lucro rápido às custas de degradação ambiental e desrespeito a leis”, explica o professor.
Cerqueira complementa que a agenda da COP26, de tornar a economia mais verde, está diretamente relacionada aos princípios ESG. “É a oportunidade para as empresas implementarem esses mecanismos de modo concreto, evitando assim ficarem limitadas apenas ao discurso socioambiental”, diz.
O professor também explica que os bancos podem abrir linhas de crédito com juros menores para negócios sustentáveis e negar empréstimos que financiem atividades reconhecidamente poluidoras. “Com isso, a agenda da COP26 de tornar a economia mais verde está diretamente relacionada aos princípios ESG. É a oportunidade para as empresas implementarem esses mecanismos de modo concreto, evitando assim ficarem limitadas apenas ao discurso socioambiental”, diz.
OS INVESTIMENTOS
Olhando para o lado do investidor, Bruno Bacchin, que lidera a estratégia ESG na Quasar, aponta que os investidores precisam sim prestar atenção na Conferência: “Não só eles [que investem], mas as empresas também. Elas precisam entender que as metas da reunião não melhoram só o produto delas, mas também o torna mais líquido e atrativo, o que é exatamente o que o investidor procura”.
Para o especialista, as companhias têm que se adequar à agenda ESG porque os investidores estão nesta mesma linha: “A gente começa a ter uma noção de que as nossas atitudes enquanto investidores e movimentadores do mercado impactam negativamente ou positivamente o mundo. A COP26 é um reflexo de quanto isso pode impactar e já impacta os investimentos”.
Bacchin ainda diz que as empresas que adotam as estratégias ESG podem trazer um retorno mais atrativo no curto, médio e longo prazo: “Está cada vez mais clara a ideia de que o retorno financeiro das empresas que não investem em ESG são menores. Ele estará intrínseco no business das empresas. Não será algo forçado e sim necessário”.
VEJA AS METAS DA COP26:
- Manter a meta do 1,5ºC viva.
- Estabelecer uma data para o fim do uso de carvão.
- Oferecer US$ 100 bilhões em financiamento climático anualmente.
- Finalizar e reverter o desmatamento até o fim da década.
- Reduzir emissões de metano, um potente gás com capacidade 80 vezes maior de aquecimento do que o dióxido de carbono.
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