Recentemente, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) anunciou o término do evento La Niña, destacando a neutralidade das temperaturas da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico. Este comunicado, divulgado em abril de 2025, ressalta o retorno a condições neutras, após um período de incertezas sobre a persistência do fenômeno.
Durante o mês de março, observou-se um aquecimento significativo na costa da América do Sul, enquanto as regiões centrais do Pacífico mantiveram-se em estado neutro. Essa transição para a neutralidade implica em uma maior dificuldade para prever mudanças sazonais no clima, uma vez que as influências típicas de La Niña ou El Niño não estão presentes.
Quais são as condições atuais do ENSO?
O fenômeno ENSO (El Niño-Southern Oscillation) apresenta-se atualmente em uma fase neutra. Em março de 2025, as temperaturas do Pacífico Equatorial central e centro-leste estavam próximas da média, com os índices Niño-3.4 e Niño-4 registrando valores próximos de zero. No entanto, regiões mais próximas à América do Sul, como Niño-3 e Niño-1+2, apresentaram valores positivos, indicando um leve aquecimento.
Apesar de algumas anomalias negativas ainda serem observadas em profundidade no Pacífico Equatorial, um padrão mais quente predomina na superfície do extremo leste. A convecção atmosférica, característica importante do ENSO, permanece suprimida ao redor da Linha Internacional de Data, mas intensa sobre a Indonésia, refletindo a neutralidade atual.
O que significa a neutralidade para o clima global?
Com a neutralidade do ENSO, a previsão de padrões climáticos sazonais torna-se mais complexa. Sem a influência direta de La Niña ou El Niño, as variações climáticas são menos previsíveis, o que pode impactar na agricultura, nos recursos hídricos e em outras atividades dependentes do clima. Modelos climáticos indicam que essa neutralidade deve persistir até o final de 2025, com mais de 50% de probabilidade.
A neutralidade também levanta questões sobre como eventos futuros serão classificados, especialmente em um contexto de aquecimento global. A NOAA utiliza um período de referência de 30 anos para calcular anomalias de TSM, e essa média é atualizada a cada década. Com o aumento das temperaturas oceânicas, eventos que hoje não atingem o limiar necessário para serem classificados como La Niña ou El Niño podem, no futuro, ser reinterpretados sob uma nova climatologia.
Como o aquecimento global pode redefinir o ENSO?
O aquecimento global está desafiando os critérios tradicionais usados para definir eventos do ENSO. A NOAA já considera a possibilidade de desenvolver novos índices que levem em conta o aquecimento dos oceanos. No entanto, esses índices ainda não estão totalmente estabelecidos. As recentes temperaturas recordes podem ter alterado algumas projeções climáticas, tornando o comportamento futuro de eventos como La Niña ainda mais incerto.
O entendimento completo do evento de 2024/2025 pode levar anos, especialmente devido às mudanças nas temperaturas oceânicas que influenciam a interpretação dos fenômenos climáticos. À medida que o aquecimento global continua, a comunidade científica precisa adaptar suas ferramentas e critérios para refletir essa nova realidade, garantindo previsões mais precisas e relevantes.
