A perspectiva de queda na taxa de juros nos Estados Unidos gerou uma reação positiva nos mercados. O Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, optou por manter as taxas de juros básicas entre 5,25% e 5,5%, com fundamento em indicativos de enfraquecimento da economia do país. Além disso, a instituição indicou a possibilidade de três reduções de juros em 2024, informações que impulsionaram o otimismo, especialmente nos mercados emergentes, como o brasileiro.
Há uma correlação direta entre a diminuição dos juros nos Estados Unidos e benefícios para o real e o Ibovespa. Isso ocorre porque taxas de juros mais elevadas no cenário americano levam os investidores a redirecionar seus recursos para o mercado de renda fixa americano, visto como uma opção segura. No entanto, sugestões de que o Fed poderia reduzir as taxas em um futuro próximo costumam estimular moedas arriscadas, contudo mais rentáveis, como é o caso do real.
Decisões do Banco Central influenciam esse cenário da Selic?

O Banco Central do Brasil, por sua vez, também sinalizou um corte nas taxas de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) definiu a redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual, passando de 12,25% para 11,75% ao ano, nessa última reunião de 2023. Segundo o próprio BC, “o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia”, o que se enquadra na continuidade do processo de desinflação.
E o que isso significa para o mercado?
Essa tendência de redução das taxas de juros nos Estados Unidos alinha-se a um contexto de menor crescimento e inflação decrescente. Assim, a projeção de cortes de juros se torna cada vez mais forte. O principal questionamento, agora, concentra-se na definição de quando e quanto serão esses possíveis cortes.
Conforme afirma William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, “A queda [dos juros americanos em 2024] é coerente com um cenário de menor crescimento e uma inflação que cede. Mais e mais vemos a redução de juros se materializar, e a grande questão agora reside mais em quando e quanto serão esses possíveis cortes [nos EUA].”
A alta do Ibovespa também pode ser interpretada como consequência do otimismo gerado pela expectativa dessas quedas de juros. Segundo Vinícius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, atrelar a taxa de juros mãe – que é a taxa dos EUA – aos indicativos de crescimento de outros mercados é compreensível pois, uma projeção de menores juros é intrinsecamente uma expectativa de crescimento maior para outros mercados.