No aguardo de um alívio significativo na luta contra a dengue, o Brasil se prepara para um novo capítulo: uma nova vacina contra a doença deve começar a ser aplicada a partir de fevereiro de 2024. O plano foi divulgado na última quinta-feira (21) pela ministra da Saúde, Nísia Trindade. Este novo imunizante, denominado Qdenga (TAK-003), elaborado pela farmacêutica japonesa Takeda Pharma, já passou pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e teve seu registro aprovado em março deste ano.
O aspecto mais relevante desta nova vacina reside na sua abrangência: ela poderá ser aplicada indistintamente, independente de o cidadão apresentar histórico prévio de dengue ou não. Para isso, a única condição é estar dentro da faixa etária convencionada pela agência reguladora para receber as doses. Diferente da única vacina contra dengue disponível no Brasil antes dessa – a Dengvaxia, de autoria do laboratório francês Sanofi Pasteur -, que só podia ser aplicada em indivíduos que já foram infectados pelo vírus da dengue.
Nísia Trindade e as projeções para a vacinação no Brasil

De acordo com as previsões do Ministério da Saúde, a aplicação das doses da Qdenga não será de grande escala inicialmente: o Sistema Único de Saúde (SUS) proporcionará cerca de 6, 2 milhões de doses ao longo do ano de 2024. A vacina exige um esquema de duas doses, o que permite que aproximadamente 3, 1 milhões de brasileiros tenham acesso à imunização contra a dengue.
Uma das grandes preocupações do Ministério da Saúde foi o investimento orçamentário desse plano de vacinação: estima-se que seriam necessários R$ 9 bilhões em cinco anos para imunizar a população entre 4 e 55 anos. Durante as negociações, o órgão requisitou mais informação sobre o preço por dose e a capacidade de produção da vacina.
A transferência de tecnologia é uma possibilidade?
Em face aos questionamentos financeiros, a ministra da Saúde afirmou que está ocorrendo uma negociação sobre a possibilidade de uma transferência de tecnologia. Já avançou em suas declarações ao dizer que é altamente provável que esta venha a ocorrer. Diante desse cenário, cita os laboratórios brasileiros Butantan e Fiocruz como capazes de dar a escala de produção necessária para atingir a demanda exigida pela população brasileira.
Em meio aos preparativos para o início da vacinação, o Brasil presencia um crescimento preocupante das estatísticas relacionadas à dengue. O número de casos evoluiu de 1, 3 milhão para 1, 6 milhão entre 2022 e 2023. O saldo de óbitos também aumentou, passando de 999 para 1.053 no mesmo período. Este novo imunizante vem com a promessa de ajudar a virar este jogo e oferecer uma nova esperança na luta conta a dengue.
















