O mercado financeiro brasileiro encerrou esta segunda-feira, 11 de agosto de 2025, em clima de cautela. O Ibovespa caiu cerca de 0,21%, fechando aos 135.623 pontos, influenciado por impasses nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Já o dólar à vista subiu levemente, cotado a R$ 5,4420, refletindo a busca dos investidores por proteção diante das incertezas externas.
Ao longo do pregão, o índice variou entre 135.496 e 136.307 pontos, com volume financeiro próximo a R$ 17,7 bilhões. Além disso, o desempenho negativo de Wall Street ajudou a pressionar as ações brasileiras. Entre os destaques positivos, Natura &Co subiu cerca de 5,8%, enquanto Eletrobras avançou quase 2%. Por outro lado, Braskem liderou as quedas, recuando mais de 7%.
Quais foram os principais fatores macroeconômicos do dia?
O Boletim Focus trouxe revisões discretas, mas relevantes, nas expectativas econômicas. A projeção de inflação para 2025 caiu de 5,07% para 5,05%, e a do PIB recuou de 2,23% para 2,21%. As estimativas para o câmbio e para a taxa Selic permaneceram estáveis, em R$ 5,60 e 15% ao fim deste ano, respectivamente. Nesse sentido, o cenário macro sinaliza cautela, mas sem deterioração abrupta.
Enquanto isso, a balança comercial manteve saldo positivo. Na segunda semana de agosto, o superávit foi de US$ 1,3 bilhão, e no acumulado do mês, as exportações somaram US$ 8,9 bilhões contra US$ 6,6 bilhões em importações, gerando superávit de US$ 2,2 bilhões.
- Inflação de julho estimada: 0,37% (acima de 0,24% de junho)
- Inflação anual projetada: 5,33%
- Possível corte da Selic apenas no início de 2026
Tensão diplomática: o episódio Haddad e Bessent
Em um capítulo de forte impacto político e econômico, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou o cancelamento da reunião com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O encontro tinha como objetivo discutir o “tarifaço” de 50% imposto por Washington sobre produtos brasileiros. Segundo Haddad, o cancelamento, comunicado por e-mail, estaria ligado a pressões políticas internas, incluindo declarações do deputado Eduardo Bolsonaro.
Por outro lado, o governo brasileiro reagiu anunciando medidas para diversificar mercados de exportação, mirando especialmente o Sudeste Asiático. Entre as ações previstas estão uma medida provisória para reformar o Fundo de Garantia às Exportações (FGE), incentivos às compras governamentais e apoio de crédito para cerca de 10 mil empresas afetadas pelas tarifas.
Conclusão: cautela e busca por alternativas
O fechamento do mercado nesta segunda-feira refletiu uma combinação de fatores: revisões macroeconômicas modestas, dados positivos do setor externo e tensões comerciais agravadas pela diplomacia em suspenso com os Estados Unidos. Nesse sentido, investidores adotaram postura defensiva, pressionando o Ibovespa e impulsionando o dólar. O próximo movimento do mercado dependerá tanto da evolução das negociações internacionais quanto dos sinais sobre a trajetória da inflação e dos juros.















