O Ibovespa encerrou a semana em recuperação, após três semanas consecutivas de queda. O índice acumulou ganho de 1,93% nos últimos cinco pregões, encerrando esta sexta-feira (17) em 143.398 pontos, com alta diária de 0,84%. O movimento foi impulsionado pelo alívio no cenário internacional e pela forte performance de ações ligadas a commodities e energia.
O volume financeiro negociado atingiu cerca de R$ 26,5 bilhões, impulsionado pelo vencimento de opções sobre ações, o que trouxe volatilidade adicional ao pregão. Enquanto isso, o dólar recuou 0,68%, cotado a R$ 5,40, acumulando queda semanal de 1,77%, em meio à recuperação dos mercados emergentes.
O que impulsionou a alta da Bolsa?
O otimismo voltou gradualmente ao mercado doméstico, sustentado pela melhora do humor global e pela recuperação de alguns papéis de peso. A petroleira Prio (PRIO3) disparou 5,61%, após a ANP liberar a retomada do FPSO Peregrino, elevando a confiança na continuidade da expansão da produção. Também tiveram destaque WEG (WEGE3), que subiu 4,48%, e Raízen (RAIZ4), que avançou 9,41%, ambas beneficiadas pelo fluxo comprador de investidores institucionais.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR4) registrou valorização de 0,95%, acompanhando a leve alta do petróleo no mercado internacional. Por outro lado, papéis do setor financeiro ainda mostraram alguma cautela, refletindo o cenário de incerteza global e o ajuste técnico após semanas de volatilidade.
Sentimento global ainda é de cautela?
Apesar da recuperação semanal, o sentimento predominante entre investidores segue de prudência. Everton Dias, analista da Legado Investimentos, avaliou que “foi uma semana de sentimento preocupante no mercado financeiro global, com atenção voltada para o aumento dos riscos de inadimplência e as recentes fraudes no setor bancário, que trouxeram o mercado a uma realização de lucros mais ampla”.
Segundo ele, setores como o financeiro e o de tecnologia “sofreram com a preocupação de uma possível bolha, o que levou a realização de lucros no mundo inteiro”. Dias observou ainda que, “no Brasil, não foi diferente — a Bolsa até encerrou o dia em leve alta, mas a semana foi marcada por altos e baixos, refletindo o comportamento defensivo do investidor”.
Ele também destacou que “além das incertezas com os bancos, pesaram as dúvidas sobre o tarifaço de Trump, que intensifica a guerra comercial com a China e traz impactos relevantes à economia global. Somado a isso, o risco de shutdown nos EUA preocupa, com possibilidade de travar a economia americana e reduzir o crescimento do PIB”.
Perspectivas para a próxima semana
Para os próximos dias, o foco do mercado deve recair sobre novos dados macroeconômicos e discursos de autoridades monetárias. A ata do Fed e a leitura do IPCA-15 no Brasil serão determinantes para calibrar as expectativas de juros e de câmbio.
Além disso, analistas seguem atentos à política fiscal doméstica e aos desdobramentos das relações comerciais entre EUA e China. Um eventual acordo parcial ou sinal de trégua pode reforçar o otimismo global, enquanto a persistência de impasses pode reacender a volatilidade nas bolsas.