Enquanto o mercado aguarda todos os detalhes sobre o corte de gastos prometido pelo governo, as expectativas pelas decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos seguem de pano de fundo. Como se não fosse suficiente, as eleições americanas também estão no radar do mercado.
Segundo análise de Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, o mercado na permanece na expectativa da divulgação das medidas de corte de gastos que serão realizadas pelo governo. Haddad disse que estão na reta final para anunciar quais serão as medidas. Inclusive, o próprio Haddad cancelou viagem a Europa para acertar os detalhes do pacote que será divulgado. Então, o mercado está em compasso de espera em relação a esse anúncio.
Na última sexta-feira, tivemos a divulgação dos dados do payroll, que vieram bem abaixo do esperado, com 12 mil vagas criadas, muito abaixo do esperado mesmo. Um dado que pegou o mercado de surpresa. E tinha tudo para ser um dia com Ibovespa para cima acompanhando as altas lá fora, mas acabou acontecendo o contrário porque o cenário doméstico e as preocupações com o fiscal fizeram muito mais peso aqui.
Inclusive, com esse último dado do Payroll, acredito que não há dúvidas sobre a próxima decisão do FED. A grande expectativa obviamente é que teremos uma redução de 25 p.p. Por mais que a gente tenha previsibilidade para as próximas decisões, o mercado vai ficar de olho mesmo no discurso do Powell, que é o que mais impacta os mercados. De fato, os dados do payroll deixaram o mercado bem otimista com a decisão. Se dados nos EUA continuarem vindo positivos como veio esse último, acredito que, após a decisão dessa semana, o FED possa até pensar em aumentar o patamar de queda de juros nas próximas decisões. Por lá, também temos as eleições americanas com os candidatos Kamala e Trump bem empatados nas pesquisas.
Acredito que será uma semana de bastante volatilidade para o dólar. O cenário é muito incerto e temos uma semana cheia de dados aqui. O investidor precisa ficar com o pé atras e ser bem seletivo nas operações porque qualquer notícia pode mexer muito com mercado. Inclusive, o boletim Focus veio hoje mais uma vez bem ruim com uma piora para o dólar. A projeção para a moeda em 2025 subiu de R$ 5,40 para R$ 5,43. A estimativa para a Selic em 2025 passou também de 11,25% para 11,50%. E a previsão para a inflação no ano que vem passou de 4,00% para 4,03%. Ou seja, dados bem ruins por aqui que acabam corroborando para a decisão do BC de subir juros. Os dias de apuração em relação as eleições nos EUA também vão contribuir para essa volatilidade na moeda, sem dúvidas.
Entre as altas, temos papeis do setor de consumo, varejo e construção como MGLU3, MRVE3, PCAR3, YDUQ3, MRVE3 e COGN3, que sobem reagindo bem à queda dos juros futuros. Klabin também sobe após divulgar balanço visto como positivo pelo mercado. A empresa apresentou Ebitda com alta de 33% no ano atingindo R$ 1,8 bilhão.
Já entre as quedas, temos Bradesco, com o mercado repercutindo mal o último balanço divulgado pela empresa, sem grandes destaques. O lucro da companhia não surpreendeu o mercado e o resultado por ação no trimestre, de R$ 0,49, ficou abaixo das projeções. Hypera também se destaca entre as quedas com investidores ainda repercutindo de forma negativa a desistência da empresa em relação a fusão com a EMS. Azul também cai com os investidores pessimistas depois de a companhia ter sido rebaixada pela Fitch e S&P.
Confira aqui os dados de fechamento do mercado e demais índices:
- Ibovespa: 130.514,79 (+1,87%)
- S&P 500: 5.712,73 (-0,28%)
- Nasdaq: 18.179,98 (-0,33%)
- Dow Jones: 41.794,60 (-0,61%)
- Dólar: R$ 5,78 (-1,47%)
- Euro: R$ 6,29 (+1,10%)
