Mesmo com o Plano Safra 2025/2026 prevendo um volume recorde de R$ 516,2 bilhões, produtores rurais ainda enfrentam dificuldades para acessar crédito público. Apenas R$ 113,8 bilhões desse total contam com juros subsidiados, o que representa pouco mais de 22%. O restante segue regras de mercado e enfrenta exigências burocráticas que atrasam a liberação dos recursos.
Enquanto isso, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) se consolidam como alternativa mais ágil e adaptada ao ciclo produtivo. Em maio, o patrimônio líquido dos fundos atingiu R$ 630 bilhões, registrando um crescimento de 18% em relação ao mesmo período de 2024. As projeções do mercado indicam que esse valor deve alcançar R$ 1 trilhão até 2027.
Por que os FIDCs atraem cada vez mais produtores?
Diferente das linhas públicas, os FIDCs oferecem análise técnica antecipada, processos digitais e liberação de crédito em até dez dias úteis. Isso permite atender demandas de custeio, capital de giro e investimento de forma mais previsível. Nesse sentido, o crédito é estruturado a partir de instrumentos como a Cédula de Produto Rural (CPR) e pode contar com garantias reais, como penhor de safra ou alienação fiduciária de imóveis.
Segundo Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, um dos grandes diferenciais é o acompanhamento feito por equipes com experiência no agronegócio. “O produtor não pode mais depender de um crédito que chega atrasado ou em volume insuficiente. O melhor recurso é aquele que atende à necessidade do negócio no tempo certo”, afirma.
Benefícios que se estendem por toda a cadeia
Além disso, a versatilidade dos FIDCs possibilita atender desde pequenos produtores até grandes agroindústrias e fornecedores de insumos. Em alguns casos, um mesmo fundo pode conectar produtores de cana a usinas consumidoras de biomassa, reduzindo riscos de inadimplência e fortalecendo a cadeia produtiva.
Para investidores, esse formato representa carteiras mais diversificadas, com exposição a diferentes culturas, regiões e perfis de tomadores. Há ainda mecanismos de proteção, como cotas subordinadas e garantias reais, que aumentam a segurança da operação.
O que muda na gestão do crédito rural?
Com a transição geracional em muitos grupos familiares, práticas de gestão mais estruturadas passaram a ganhar espaço. O crédito deixou de ser apenas emergencial e passou a ser tratado como componente estratégico do negócio. Nesse contexto, os FIDCs oferecem previsibilidade e planejamento financeiro, tornando-se parte da estratégia de longo prazo.
“Hoje conseguimos oferecer crédito sob medida, com análise técnica feita em campo e liberação no momento certo da safra. Isso muda completamente a dinâmica de quem está na ponta, produzindo”, reforça Assis.
FIDCs representam nova fronteira do financiamento rural?
Ao conectar o agronegócio ao mercado de capitais, os FIDCs ajudam a reduzir a dependência do crédito público e fortalecem a autonomia financeira do setor. Em um país onde o agronegócio responde por cerca de 25% do PIB, destravar o acesso ao capital se torna uma questão de competitividade nacional.
- Plano Safra 2025/2026: R$ 516,2 bilhões
- Crédito subsidiado: R$ 113,8 bilhões (22%)
- Patrimônio líquido dos FIDCs em maio/2025: R$ 630 bilhões
- Projeção para 2027: R$ 1 trilhão
Mais do que uma alternativa ao financiamento tradicional, os FIDCs já despontam como protagonistas de uma nova etapa no financiamento rural. Eles aproximam investidores do campo, criam pontes sustentáveis entre crédito e produtividade e impulsionam a modernização da gestão financeira no agronegócio brasileiro.