A fome afeta sua capacidade de tomar boas decisões ao reduzir a energia disponível para o cérebro, tornando você mais impulsivo e menos paciente. Esse estado, popularmente conhecido como “hangry”, tem uma base fisiológica real que compromete o autocontrole.
A queda nos níveis de glicose é a principal causa
O cérebro humano, apesar de representar apenas 2% do peso corporal, consome cerca de 20% da nossa energia. Sua principal fonte de combustível é a glicose, que obtemos através dos alimentos. Quando estamos com fome, os níveis de glicose no sangue caem.
Com menos combustível disponível, o cérebro entra em um modo de “economia de energia”. Funções complexas que exigem autocontrole, planejamento a longo prazo e deliberação cuidadosa são as primeiras a serem prejudicadas, pois demandam mais energia mental.
Como a fome nos torna mais impulsivos?
Quando a glicose está baixa, o cérebro tem dificuldade em controlar os impulsos e focar em recompensas futuras. Em vez disso, ele passa a priorizar a gratificação imediata. É por isso que é tão difícil resistir a uma sobremesa quando se está com fome ou por que compras por impulso são mais comuns antes do jantar, veja abaixo o vídeo do canal Marcio Atalla:
Estudos de neurociência mostram que a fome ativa áreas do cérebro associadas à recompensa, enquanto diminui a atividade no córtex pré-frontal, a região responsável pelo pensamento racional e pela tomada de decisões. O hormônio da fome, a grelina, também tem sido associado ao aumento da impulsividade.
O fenômeno “hangry” é uma resposta emocional real
A sensação de estar “hangry” (uma mistura de fome e raiva, do inglês hungry e angry) é uma resposta emocional e fisiológica genuína. A mesma queda de glicose que prejudica a tomada de decisões também afeta a regulação do humor. O cérebro libera hormônios do estresse, como o cortisol e a adrenalina, em resposta à baixa energia.
Essa combinação de baixa energia para o autocontrole e aumento dos hormônios do estresse nos torna mais propensos à irritabilidade, à frustração e a reações exageradas a situações que normalmente não nos afetariam. Não é apenas “coisa da sua cabeça”, é uma resposta biológica real.
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O famoso estudo dos juízes e a liberdade condicional

Um dos estudos mais famosos sobre o tema, conduzido em Israel, analisou mais de mil decisões de juízes sobre pedidos de liberdade condicional. Os pesquisadores descobriram um padrão surpreendente: as decisões mais favoráveis eram tomadas no início do dia e logo após o intervalo para o almoço.
As chances de um prisioneiro receber liberdade condicional caíam drasticamente à medida que o tempo desde a última refeição do juiz aumentava, chegando perto de zero pouco antes do intervalo. Este estudo se tornou um exemplo clássico de como a “fadiga de decisão” e a fome podem influenciar julgamentos críticos. As decisões afetadas pela fome incluem:
- Decisões financeiras: Maior propensão a aceitar ofertas de risco com recompensa imediata.
- Decisões sociais: Menos paciência e maior irritabilidade em interações com outras pessoas.
- Decisões complexas: Dificuldade em avaliar múltiplas variáveis e optar por soluções mais simples e rápidas.
- Autocontrole: Menor capacidade de adiar a gratificação e seguir um plano de longo prazo.
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