Um erro de engenharia que virou ícone mundial, a Torre de Pisa, na Itália, é um monumento que desafia a gravidade há mais de 800 anos. Sua história é uma aula sobre como a genialidade pode corrigir falhas quase catastróficas.
Por que a Torre de Pisa começou a inclinar desde o início?
A construção, iniciada em 1173, foi condenada desde o primeiro dia por um erro fatal: uma fundação de apenas 3 metros de profundidade em um solo pantanoso e instável. Antes mesmo da conclusão do terceiro andar, a estrutura já começava a ceder para o sul.
As longas pausas na construção, causadas por guerras, paradoxalmente salvaram a torre de um colapso imediato. Durante esses períodos de inatividade, o solo teve tempo de se assentar e compactar sob o peso da estrutura, aumentando sua resistência, mas garantindo a inclinação que a tornaria famosa.
Quais foram as tentativas desastradas de endireitá-la?
Ao longo dos séculos, várias tentativas de correção foram feitas, e algumas apenas pioraram a situação. No segundo estágio da construção, os engenheiros tentaram compensar a inclinação construindo os andares superiores na vertical, o que deu à torre seu icônico formato curvado, semelhante a uma banana.
A tentativa mais desastrosa foi a do ditador Benito Mussolini em 1934, que injetou 90 toneladas de concreto na base. A ação teve o efeito contrário, comprimindo o solo e aumentando drasticamente a inclinação, deixando a torre em uma situação ainda mais perigosa.
Correções históricas fracassadas:
Construção dos andares superiores na vertical (criou o formato de banana).
Injeção de concreto na fundação por Mussolini (piorou a inclinação).
Congelamento do solo com nitrogênio líquido (causou expansão e mais inclinação).
Como a engenharia moderna salvou finalmente a torre do colapso?
Em 1990, com a inclinação atingindo perigosos 5,5 graus, a torre foi fechada ao público. A primeira medida de emergência foi instalar 600 toneladas de contrapesos de chumbo no lado norte para estabilizar a estrutura.

A solução definitiva, liderada pelo engenheiro John Burland, foi genial em sua simplicidade: a escavação inferior. Com brocas especiais, foram removidos 38 metros cúbicos de solo do lado norte, permitindo que a própria gravidade endireitasse a torre suavemente até um ângulo seguro de 3,97 graus.
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O solo que a inclinou também a salvou de terremotos?
Sim, e este é o maior paradoxo da Torre de Pisa. O mesmo solo pantanoso que causou a inclinação agiu como um amortecedor natural, protegendo a estrutura de pelo menos três grandes terremotos que atingiram a região ao longo dos séculos, um fenômeno conhecido como “interação dinâmica solo-estrutura”.
Para refletir sobre a evolução da engenharia civil e a importância da segurança estrutural, trouxemos um documentário do canal JAES Company Português. O vídeo reconstrói a Tragédia da Ponte Silver, explicando como a corrosão sob tensão e a falta de redundância no projeto levaram ao colapso catastrófico em 1967, mudando para sempre as normas de inspeção de pontes no mundo:
A preservação de monumentos históricos como este é um desafio complexo, que combina engenharia e patrimônio, uma área de atuação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Brasil. A engenharia por trás de sua salvação é um marco, validando princípios que hoje são supervisionados por órgãos como o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA).
| Intervenção na Torre | Causa do Problema | Solução Final |
| Foco da Ação | Fundação rasa em solo instável. | Remoção de solo do lado oposto à inclinação. |
| Resultado | Inclinação progressiva e risco de colapso. | Redução da inclinação e estabilização da estrutura. |
| Princípio | Compressão desigual do solo. | Uso da gravidade para uma correção controlada. |

