O crescimento da economia brasileira em 2025 deve seguir sendo impulsionado pelo agronegócio, setor que, segundo especialistas, vive um ciclo estrutural de alta performance. De acordo com Alê Delara, sócio-diretor da Pine Agronegócios, o Brasil atravessa um dos momentos mais favoráveis da última década em termos de produção, exportação e demanda interna por commodities agrícolas — e isso já se reflete nas projeções para o PIB nacional.
“A safra recorde de soja, a força do mercado de milho, a boa performance das proteínas e o câmbio ainda competitivo colocam o agro como pilar central da economia brasileira em 2025“, afirma Delara.
Recordes de safra e exportações sustentam o PIB
Segundo o especialista, a produção de soja deverá atingir 170 milhões de toneladas, com exportações estimadas em 105 milhões, um novo recorde. “Estamos colhendo resultados de decisões de plantio e expansão tomadas há meses. Não é uma reação pontual, é um movimento com base sólida e previsível”, pontua.
Além da soja, o milho deve repetir os volumes de 2023, favorecido pela forte demanda interna puxada pela indústria de etanol. Delara também destaca o desempenho de outras culturas e cadeias: algodão, açúcar, café e, no setor de carnes, o bom ritmo das exportações de proteína bovina, mesmo diante dos desafios sanitários internacionais.
Impacto do agro no PIB não é conjuntural, é estrutural
Para Alê Delara, o impacto do agronegócio sobre o PIB não deve ser tratado como um evento isolado. “Esse cenário é estrutural. As principais cadeias produtivas — soja, milho e proteína animal — permanecem robustas, tanto em volume quanto em competitividade no mercado global”, explica.
Ele ressalta ainda que parte relevante da produção que impulsionará o PIB em 2025 já está colhida ou em fase de escoamento, o que reforça a previsibilidade e consistência do crescimento no setor. “O agro segue sendo um amortecedor de choques na economia brasileira”, afirma.
PIB no radar: otimismo do campo contrasta com cautela no resto da economia
A visão positiva do campo contrasta com a cautela observada em outros setores da economia, ainda impactados pela inflação elevada, juros altos e baixo dinamismo do consumo interno. Apesar da elevação da projeção do PIB para 2,14% em 2025, conforme o Boletim Focus, o Banco Central reduziu sua própria estimativa para 1,9%, refletindo os riscos de desaceleração no segundo semestre.
Para Delara, mesmo diante de uma atividade doméstica mais fraca em setores urbanos, o agronegócio tende a segurar o ritmo do PIB. “A nossa balança comercial continuará sendo favorecida pelos bons preços e volumes de exportação. O campo está entregando crescimento real em meio a um ambiente ainda desafiador”, conclui.
