Localizada em uma antiga pedreira de Curitiba, a Ópera de Arame se consolidou como um dos exemplos mais conhecidos de como a arquitetura e a engenharia podem transformar um espaço industrial em palco cultural. Cercada por vegetação, encostas de pedra e um lago artificial, a construção se apoia em uma estrutura metálica leve e transparente, que permite contato visual com o entorno e transforma o edifício em espaço cênico e mirante para a paisagem.
O que é a Ópera de Arame em Curitiba?
Projetada pelo arquiteto Domingos Bongestabs e inaugurada em 18 de março de 1992, a Ópera de Arame foi pensada para receber diferentes linguagens artísticas sem se impor sobre o ambiente natural. Inserida no Parque das Pedreiras, tornou-se um dos cartões-postais de Curitiba e referência em requalificação de áreas degradadas.
O desenho circular, o uso de tubos de aço e o fechamento translúcido em policarbonato criam uma casca leve, quase etérea. Essa solução reforça a integração entre arte, arquitetura, engenharia e natureza, mantendo a leitura da antiga pedreira como parte da experiência do visitante.

Como a arquitetura e a engenharia definem o conceito do espaço?
O conceito da Ópera de Arame nasceu da necessidade de dar novo uso a uma pedreira desativada, transformando um cenário de extração mineral em área pública voltada à cultura. Em vez de ocultar o passado industrial, o projeto incorpora as paredes de rocha e o lago como protagonistas da composição espacial.
A forma circular da sala principal favorece a visão do palco a partir de quase todos os assentos e cria sensação de envolvimento entre público e cena. A estrutura em anéis e pilares tubulares permite grandes vãos com pouco material aparente, reduzindo movimentações de terra e respeitando o relevo existente.
Quais materiais e sistemas estruturais tornam a Ópera de Arame um ícone?
A engenharia do edifício se apoia no uso intenso de tubos de aço combinados com chapas e perfis metálicos, em um sistema modular que simplifica montagem e manutenção. Visualmente, a malha fina de tubos remete a fios de arame entrelaçados, conferindo identidade ao projeto e suportando grandes plateias.
No fechamento lateral e na cobertura, o policarbonato transparente ou translúcido permite alta entrada de luz natural, reforça a continuidade com o ambiente externo e favorece a ventilação cruzada. Em espetáculos noturnos, a iluminação cênica se reflete no lago e na estrutura metálica, ampliando o caráter cenográfico.
- Aço tubular: garante resistência estrutural com aparência delicada.
- Policarbonato: oferece transparência, difusão de luz e proteção climática.
- Passarelas metálicas: conectam acessos, plateia e lago, ampliando a experiência.
- Estrutura modular: facilita montagem rápida e reparos localizados.
Para ver a Ópera de Arame de perto e entender por que ela virou um dos passeios mais marcantes de Curitiba, vale assistir ao vídeo do canal Doma Arquitetura, que já soma mais de 17 mil visualizações:
Como foi o processo de construção e quais são os desafios de conservação?
A montagem principal da Ópera de Arame foi concluída em cerca de 75 dias, graças ao uso de peças pré-fabricadas e rigoroso planejamento. O sistema metálico funcionou como um grande “meccano” em escala real, com encaixes e soldas previamente estudados em projeto estrutural detalhado.
A proximidade com o lago e a umidade da pedreira acelera processos de corrosão e desgaste dos materiais, exigindo manutenção constante. Para garantir segurança e preservar a linguagem original, são adotadas rotinas técnicas de inspeção e troca de componentes.
- Inspeção frequente das estruturas metálicas e soldas.
- Tratamento anticorrosivo e repintura em intervalos regulares.
- Substituição de chapas de policarbonato danificadas ou opacas.
- Monitoramento de drenagem, encostas e estabilidade das rochas.
Qual é o impacto urbano e o legado da Ópera de Arame para a cidade?
A inserção da Ópera de Arame no atual Parque Jaime Lerner simboliza um movimento mais amplo de requalificação urbana em Curitiba, que converteu antigas áreas industriais em parques e equipamentos culturais. A arquitetura leve e permeável evita o bloqueio da paisagem e reforça a leitura do vale como anfiteatro natural.
No campo profissional, o edifício é referência no uso de estruturas metálicas leves e transparências em espaços culturais. Seu legado inspira projetos que valorizam o aço e o policarbonato e demonstram como antigas áreas de extração podem ser convertidas em espaços de encontro, arte e convivência com a natureza.

