A Nvidia se tornou a primeira empresa a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado, um marco que reflete a crescente influência da inteligência artificial (IA) nos mercados globais e na economia. As ações da fabricante de chips ultrapassaram US$ 210, superando os US$ 205,76 necessários para essa avaliação histórica.
O preço dos papéis foi impulsionado pelo entusiasmo com o potencial da IA e por uma recente onda de acordos e parcerias com algumas das maiores companhias do setor, da OpenAI e Oracle à Nokia e à farmacêutica Eli Lilly. O discurso do CEO Jensen Huang em Washington também contribuiu para os ganhos extraordinários da semana, reforçando o otimismo dos investidores sobre o futuro da companhia.
Com sede em Santa Clara, na Califórnia, a Nvidia, conhecida por projetar unidades de processamento gráfico (GPUs), tornou-se central no avanço da inteligência artificial. A empresa supera agora gigantes como AMD, Intel e Qualcomm em valor de mercado, consolidando-se como um dos principais motores da revolução tecnológica atual.
Nvidia supera US$ 5 tri: existe risco de bolha?
O marco reacendeu o debate sobre uma possível bolha de IA. Analistas de mercado e executivos do setor têm comparado o momento atual ao boom e à posterior correção do mercado de tecnologia no início dos anos 2000. O temor é de que a velocidade da valorização supere o ritmo de crescimento real das receitas e dos fundamentos.
“A Nvidia alcançar um valor de mercado de 5 trilhões de dólares é algo bem expressivo para os investidores e para o mercado como um todo, e reflete a rápida evolução tecnológica dos últimos três anos”, avaliou Bruno Yamashita, Analista de Alocação e Inteligência da Avenue. Segundo ele, a trajetória da empresa está diretamente ligada à revolução iniciada com o avanço de ferramentas como o ChatGPT, que ampliaram a demanda por infraestrutura e data centers baseados em GPUs.
Yamashita destacou ainda a dimensão do feito: “Se compararmos o valor de mercado da Nvidia com o do Ibovespa em dólar, que gira em torno de 700 a 800 bilhões de dólares, estamos falando de uma empresa praticamente cinco vezes maior do que toda a bolsa brasileira”. Para o analista, o número demonstra a liderança global da Nvidia e a concentração de capital no setor de tecnologia norte-americano.
Apesar da euforia, o analista pondera que o desempenho da companhia não significa, necessariamente, a formação de uma bolha. “É importante separar o que é bolha do que pode ser uma correção natural. Ações e setores não estão blindados de ajustes, mas isso não invalida a tese das empresas de tecnologia, especialmente quando olhamos para a eficiência operacional e geração de caixa que elas vêm apresentando.”
O avanço da Nvidia também reforça a dependência da economia moderna em relação à IA. A valorização da companhia supera setores inteiros do S&P 500, incluindo utilities, bens de consumo e indústrias, levantando questionamentos sobre a sustentabilidade desse crescimento meteórico e sobre o grau de concentração no mercado de semicondutores.