A proposta de utilizar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia em empréstimos consignados do setor privado está prestes a ser enviada ao Congresso Nacional. Esta iniciativa, anunciada pelo secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Pinto, busca facilitar o acesso ao crédito consignado para trabalhadores da esfera privada. A expectativa é que o texto seja submetido ainda no primeiro trimestre de 2025, com o projeto já alinhado juridicamente e tecnologicamente.
O projeto se insere no contexto de um sistema de empréstimos já existente, predominantemente disponível para servidores públicos e pensionistas do INSS. A implementação da proposta requer o debate sobre se deverá ser formalizada como medida provisória ou projeto de lei, uma decisão pendente de consenso entre os ministros.
Como o Consignado FGTS Pode Beneficiar Trabalhadores do Setor Privado?
O crédito consignado, que desconta automaticamente o valor das prestações da folha de pagamento, tem sido uma modalidade popular devido ao seu baixo risco de inadimplência e taxas de juros mais acessíveis. No entanto, para trabalhadores do setor privado, especialmente os contratados sob o regime CLT, o acesso a essa modalidade de crédito enfrenta limitações consideráveis. Um dos principais desafios é a necessidade de convênios entre bancos e empresas, um processo repleto de obstáculos logísticos e operacionais.
Quais São os Desafios da Adesão ao Consignado no Setor Privado?
Pinto destaca que um dos entraves significativos é a incerteza associada à demissão do trabalhador. Em caso de perda de emprego, o banco se depara com o risco elevado de inadimplência, uma situação diferente daquela enfrentada ao conceder crédito a servidores públicos com receitas estáveis. Para mitigar esse risco, a proposta do Consignado FGTS permite embutir garantias adicionais, como o uso de multas rescisórias e o próprio FGTS, no sistema de crédito.
Como Funcionará o Novo Sistema de Crédito Consignado?
A solução proposta envolve a mobilização do sistema eSocial, que atualmente gerencia encargos trabalhistas. O empregado que contratar o consignado verá o contrato registrado no eSocial, gerando automaticamente uma guia de pagamento para o empregador. Este mecanismo elimina a necessidade de convênios individuais, simplificando o processo para empresas e bancos.
O sistema também acompanha o trabalhador em casos de mudanças de emprego, mantendo a consignação ativa e mitigando o risco creditício para os bancos.
Impactos Esperados e Economia nas Taxas de Juros
De acordo com Marcos Pinto, o sistema de crédito consignado trouxe uma redução significativa no spread bancário nos últimos anos, beneficiando não apenas os tomadores de crédito, mas também intensificando a competição entre instituições financeiras. A proposta do Consignado FGTS visa manter esse impacto positivo, oferecendo uma alternativa de crédito com taxas inferiores às de outras modalidades pessoais.
Enquanto a expectativa é de que as taxas do consignado privado não igualem as do setor público ou INSS, espera-se que elas sejam substancialmente menores quando comparadas ao crédito sem garantias. Ao facilitar o acesso ao crédito consignado para o setor privado, a proposta pretende expandir as opções financeiras dos trabalhadores, contribuindo para a estabilidade econômica individual e coletiva.
