No cenário econômico brasileiro, o otimismo do ministro Fernando Haddad em relação ao ajuste fiscal está gerando desconfiança entre investidores. Em recente discurso, Haddad apresentou confiança em que o crescimento via consumo é o caminho para equilibrar as contas públicas. No entanto, especialistas alertam para o risco de que esse otimismo esteja desalinhado com a realidade, como foi o caso em governos anteriores.
“É importante que o ministro não coloque as expectativas muito distantes da realidade, pois isso pode gerar desconfiança no mercado”, afirmou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, durante participação na programação da BM&C News. Ele comparou ainda a situação atual com o governo Dilma Rousseff, quando houve um descasamento entre as projeções e os resultados entregues.
Haddad: Desafios fiscais e a preocupação com os gastos
O discurso otimista do ministro não alivia as preocupações com os desafios fiscais. A falta de alinhamento entre as políticas dos diferentes ministérios é vista como um obstáculo significativo para o cumprimento das metas fiscais. Recentemente, o Banco Central manifestou preocupação com o aumento dos gastos públicos, que pode pressionar a inflação e resultar em uma elevação dos juros.
“O cenário é de preocupação, pois os gastos estão crescendo mais rápido que as receitas, o que pode obrigar o Banco Central a elevar os juros para controlar a inflação”, comentou Cruz.
Alta dos juros e a possível resposta do Banco Central
Com a possibilidade de aumento dos juros em pauta, a expectativa é de que o Banco Central tome uma decisão em setembro, levando em consideração tanto o cenário externo quanto a trajetória fiscal do Brasil. “O Banco Central está sinalizando que pode haver uma elevação de juros, mas é importante considerar o impacto dessa decisão no câmbio e nas expectativas futuras de inflação”, destacou um analista econômico.
Essa possível alta dos juros, no entanto, levanta questionamentos sobre sua eficácia no contexto atual. “Subir os juros agora pode parecer um movimento descoordenado, especialmente se, em poucos meses, for necessário cortá-los novamente”, observou o estrategista da RB Investimentos.
A influência do cenário externo na bolsa brasileira
Apesar das incertezas internas, a bolsa brasileira vem registrando desempenho positivo, impulsionada por fluxos de capital estrangeiro. “O fluxo de estrangeiros na bolsa tem sido relevante, interrompendo uma sequência negativa do primeiro semestre”, revelou um Gustavo Cruz.
Além disso, as dificuldades políticas no México estão contribuindo para que o Brasil se torne uma opção mais atraente para investidores estrangeiros. “As incertezas no México ajudam o Brasil, pois o dinheiro que é mais líquido pode sair de lá e vir para cá”, completou.