Um novo modelo de consumo energético começa a se consolidar no país e pode transformar de forma estrutural o setor elétrico brasileiro. Trata-se da energia por assinatura, formato que permite a adesão de consumidores a usinas solares sem necessidade de investimento próprio ou instalação de painéis. A proposta combina economia, previsibilidade e sustentabilidade, e já movimenta cifras bilionárias, com destaque para o protagonismo de Minas Gerais nesse avanço.
O Estado lidera a transição rumo à energia limpa, reunindo o maior número de usinas solares do Brasil e a maior adesão ao modelo de geração compartilhada, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O ambiente regulatório favorável, somado à alta irradiação solar e ao interesse crescente de consumidores corporativos, tem feito de Minas um polo estratégico do novo ciclo de crescimento das energias renováveis no país.
Como funciona a energia por assinatura?
No modelo, empresas e residências “assinam” uma cota de energia gerada por usinas fotovoltaicas e recebem o desconto diretamente na conta de luz. O consumidor não precisa realizar obras, nem investir em equipamentos, já que toda a infraestrutura pertence às geradoras. O sistema é autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e se enquadra no segmento de geração distribuída compartilhada, em que a energia limpa é produzida em um ponto e compensada em outro.
Essa estrutura tem permitido que pequenos e médios consumidores tenham acesso à energia renovável sem enfrentar barreiras de custo. A economia média gira entre 15% e 30% nas contas de luz, segundo estimativas do setor. Em um cenário de juros altos e margens comprimidas, a previsibilidade no custo da energia se tornou um diferencial competitivo relevante para empresas de diferentes portes.
Por que Minas Gerais lidera essa transformação?
Minas Gerais concentra o maior número de usinas solares do país e vem se consolidando como referência na chamada “segunda revolução energética”, expressão usada por especialistas para descrever a democratização do acesso à energia limpa. O Estado combina fatores estratégicos: alto potencial de radiação solar, logística favorável para escoamento da energia e um ecossistema regulatório que estimula a livre concorrência no setor.
De acordo com analistas de mercado, a força mineira nesse segmento também reflete a maturidade do modelo de geração compartilhada. Empresas de energia renovável instaladas na região têm ampliado investimentos em novas usinas e expandido a oferta para outras regiões do país, aproveitando o avanço das normas que tornam o ambiente regulatório mais previsível e seguro para novos entrantes.
Quais são os impactos econômicos e ambientais da energia por assinatura?
A energia por assinatura vem sendo considerada uma das principais portas de entrada para a transição energética no Brasil. Ao eliminar a necessidade de investimento inicial, o modelo permite que mais consumidores se beneficiem da energia solar, estimulando a descentralização da geração e a redução das emissões de carbono.
Além do impacto ambiental, há reflexos diretos na economia real. Pequenos empresários conseguem reduzir custos e reinvestir a economia obtida em seus próprios negócios, gerando um ciclo virtuoso de produtividade. Grandes companhias, por sua vez, utilizam o modelo como ferramenta de sustentabilidade corporativa, vinculando sua imagem a práticas ESG sem precisar de altos desembolsos em infraestrutura.
O modelo é o futuro da energia no Brasil?
Entre as empresas que protagonizam esse avanço está a Coesa Energia, companhia atua no segmento de geração distribuída compartilhada, em que pessoas físicas e jurídicas assinam uma cota de energia renovável e recebem o desconto diretamente na conta de luz, sem custo de adesão ou mudanças estruturais.
“O modelo de energia por assinatura é a evolução natural do mercado de energia. Ele combina economia real, previsibilidade e sustentabilidade, três fatores que hoje determinam a competitividade de qualquer negócio”, afirma Luis Roquette, CEO da Coesa Energia. Segundo ele, o formato tem crescido de forma exponencial, com economias médias entre 15% e 30% nas contas de luz dos clientes. “Para um pequeno empresário com conta mensal de R$ 5 mil, a economia pode chegar a R$ 12 mil por ano. Isso é recurso que volta para o caixa e gera investimento produtivo”, destaca.
O avanço da energia por assinatura simboliza uma mudança estrutural no modo como o Brasil produz e consome eletricidade. O modelo rompe com a lógica tradicional de grandes investimentos centralizados e abre espaço para um sistema mais descentralizado, flexível e sustentável. A combinação de competitividade, previsibilidade de custos e impacto ambiental positivo reforça a visão de que o futuro da energia está diretamente ligado à inovação nos modelos de consumo.
Minas Gerais desponta como o epicentro dessa transformação e, mais uma vez, ocupa posição de destaque na história energética do país. Se o século XX foi marcado pela industrialização e pela construção de grandes hidrelétricas, o século XXI tende a ser lembrado pela expansão da energia limpa e acessível, e o modelo por assinatura é, sem dúvida, uma das engrenagens mais promissoras dessa nova revolução.