Em uma edição especial do programa “Money Report” da BM&C News, Jorge Gonçalves, David Politanski e Marcia Manfrin compartilharam suas visões sobre temas que têm redefinido o cenário de negócios no Brasil: a reinvenção do varejo, o papel da tecnologia e o impacto da inteligência artificial. Com trajetórias diversas, cada convidado destacou desafios e avanços em suas áreas de atuação, revelando um panorama detalhado das mudanças no mercado brasileiro.
A reinvenção do varejo: adaptação e inovação
Jorge Gonçalves, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), comentou sobre as mudanças drásticas que o setor varejista enfrentou durante e após a pandemia. “A pandemia forçou o varejo a se adaptar em todos os aspectos, impulsionando o e-commerce e os canais multicanais para manter a proximidade com o cliente,” explicou. Segundo Jorge, o IDV tem promovido discussões e estratégias para ajudar os varejistas a se ajustarem, principalmente em áreas de e-commerce e atendimento.
A adaptação, conforme ele destacou, não foi opcional: “Farmácias e materiais de construção se reinventaram para atender uma demanda essencial. O setor vestuário e de alimentos, por outro lado, viu um grande aumento no e-commerce, e isso exigiu uma postura muito mais dinâmica.”
Empreendedorismo e experiências exclusivas
David Politanski, diretor do Google, trouxe uma perspectiva diferenciada sobre o empreendedorismo ao compartilhar sua experiência à frente do “Sweet Secrets”, um clube exclusivo em São Paulo. Inspirado em “speakeasies” internacionais, o clube se esconde atrás de uma fachada de loja de doces, com entrada secreta que conduz os clientes a um ambiente diferenciado. “É um espaço que incentiva o networking e a troca de experiências entre profissionais de diversas áreas,” afirmou David, ressaltando a exclusividade como um diferencial para atrair clientes.
Além disso, David acredita que criar uma comunidade com interesses comuns, que vão além de suas profissões, é essencial para o fortalecimento das conexões entre executivos, atletas e outros profissionais. “Nosso objetivo é reunir empreendedores que possam se apoiar e compartilhar conhecimento.”
O avanço das “dark kitchens” e a nova era do delivery
Marcia Manfrin, presidente do grupo D Foods, abordou a ascensão das “dark kitchens” e como esse modelo de cozinha sem atendimento físico direto ao consumidor tem modificado o mercado alimentício. “Esses estabelecimentos são otimizados para o delivery, oferecendo um modelo econômico e ágil,” explicou Marcia. Segundo ela, o aumento da demanda por entrega acelerou essa mudança, criando um ambiente competitivo para restaurantes físicos.
Ela também alertou sobre a importância do volume para o sucesso das “dark kitchens”: “Sem um alto fluxo de pedidos, o modelo de dark kitchen pode ser insustentável, mas para operações com grande demanda, ele traz resultados eficientes e inovadores.”
Inteligência artificial: uma aliada ou ameaça?
A conversa avançou para o papel da inteligência artificial na produtividade e inovação. David destacou que a IA pode ser uma ferramenta poderosa na automação de tarefas rotineiras. “Ela permite otimizar o tempo, dando aos profissionais a oportunidade de focar em inovações e melhorias,” afirmou. Contudo, David alerta que o uso da IA precisa ser feito com cautela, especialmente em setores onde a geração de conteúdo pode trazer impactos à sociedade.
O consenso entre os participantes é que a IA não substituirá os profissionais que sabem utilizá-la estrategicamente, mas quem não adotar essa tecnologia poderá ficar para trás. “Inteligência artificial não elimina empregos, mas a falta de adaptação sim,” complementou Jorge.
O desafio de treinar e engajar equipes no varejo moderno
Os três profissionais ressaltaram a importância de uma cultura forte e do treinamento constante para manter uma equipe alinhada com os objetivos da empresa. “Treinamento é fundamental,” destacou Marcia, acrescentando que uma equipe bem preparada pode transmitir a cultura e a experiência da empresa de maneira eficiente ao consumidor.
Para Jorge, o varejo moderno demanda habilidades digitais de todos os funcionários. “Hoje, não há como operar sem a integração do smartphone e outras tecnologias, tanto para vendas quanto para atendimento,” ressaltou ele.
