O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos apresentou alta anualizada de 3,3% no segundo trimestre de 2025, segundo a segunda estimativa divulgada pelo Departamento de Comércio nesta quinta-feira (28). O resultado representa uma revisão positiva de 0,3 ponto percentual em relação à leitura preliminar, que havia apontado crescimento de 3%. O avanço veio principalmente de ajustes para cima em investimentos e consumo das famílias.
A economista Andressa Durão, do ASA, destaca que a revisão reforça a resiliência da economia americana no período. “A demanda doméstica mostrou força maior do que se esperava, especialmente no consumo privado, o que reduz a percepção de desaceleração mais aguda no primeiro semestre do ano”, avaliou. Segundo ela, a composição do crescimento também revela mudanças importantes que ajudam a entender a trajetória da atividade.
O que motivou a revisão do PIB?
De acordo com o Departamento de Comércio, os números foram impactados por revisões altistas em investimento privado e consumo, parcialmente compensadas por ajustes para baixo nos gastos do governo e revisão para cima nas importações, que entram negativamente no cálculo do PIB.
Outro ponto relevante foi a revisão do indicador de demanda final, conhecido como Final Sales to Private Domestic Purchasers, que passou de 1,2% para 1,9%. Esse dado mede a demanda subjacente da economia, excluindo estoques e comércio exterior, e é considerado um termômetro mais fiel da atividade interna. Para a economista do ASA, “essa revisão sinaliza que a desaceleração no primeiro semestre foi mais branda do que se imaginava, o que pode alterar as projeções para a política monetária americana”.
A economia americana ainda desacelera?
Com a nova leitura, a avaliação de que a economia vinha perdendo tração perde força. O resultado de 1,9% na demanda final indica que, na prática, não houve uma nova desaceleração da atividade doméstica no segundo trimestre em relação ao primeiro. Essa leitura reforça a percepção de que os fundamentos do consumo e do investimento permanecem sólidos, mesmo diante de incertezas globais e políticas monetárias mais restritivas.
A revisão do PIB reacende o debate sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed). De um lado, a maior resiliência da demanda pode levar a autoridade monetária a manter juros em patamares elevados por mais tempo. Por outro, o risco de esfriar excessivamente a atividade permanece no radar, sobretudo diante do recuo nos gastos do governo e da pressão das importações.
O que esperar para os próximos trimestres?
A trajetória do PIB nos próximos meses deve depender da evolução de três fatores principais:
- A força do consumo das famílias, diante de juros altos e mercado de trabalho ainda aquecido;
- O comportamento dos investimentos privados, sobretudo em tecnologia e infraestrutura;
- As políticas fiscais, que podem voltar a ganhar relevância caso haja estímulos governamentais.
Enquanto isso, os analistas acompanham de perto os indicadores de inflação e emprego, que devem orientar os próximos passos do Fed. A combinação de crescimento mais forte e inflação controlada seria o cenário ideal, mas a possibilidade de novos ajustes na taxa de juros ainda divide opiniões no mercado.
No primeiro trimestre de 2025, a economia americana havia registrado contração anualizada de 0,5%, reforçando a percepção de volatilidade na atividade. A revisão para cima no segundo trimestre, portanto, traz uma leitura mais positiva para o semestre como um todo e atenua o temor de recessão iminente.