Na última segunda-feira (3), o economista e comentarista Vandyck Silveira abordou preocupações significativas relacionadas à desancoragem das expectativas para a inflação no Brasil e à política monetária do país. A correção do Boletim Focus, que aponta para um aumento tanto da inflação quanto da SELIC, reflete a incerteza do mercado sobre a capacidade do governo de controlar esses fatores.
Descontrole fiscal e alternativas tomadas pelo governo

Vandyck destacou o sério descontrole fiscal enfrentado pelo país, mencionando uma “âncora fiscal manca” que não impede o governo de se endividar e gastar mais. Ele apontou que o foco do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na receita já se esgotou, sugerindo que as alternativas para equilibrar o orçamento se resumem a aumentar impostos ou cortar gastos. Discussões sobre a taxação de heranças e pensões privadas e a possível reintrodução da CPMF (imposto do cheque) são exemplos de medidas que podem ser adotadas.
Necessidade de melhorar a comunicação do Banco Central
A análise também destacou a necessidade de uma comunicação mais transparente por parte do Banco Central. Segundo Vandyck, a falta de clareza nos votos das decisões do COPOM criou um racha ideológico, evidenciado pela discordância entre os membros nomeados pelo atual governo e a postura mais cautelosa do Banco Central.
Preocupações com o futuro econômico e com a Inflação
As projeções para 2026 geram preocupação, especialmente quanto à possível captura do Banco Central pelo governo e a acomodação das demandas políticas, influenciadas pelas eleições presidenciais. Vandyck prevê que essa combinação pode levar a uma aceleração fiscal e aumento das taxas de juros, exacerbando o problema inflacionário.
Vandyck não descarta a possibilidade de a Inflação alcançar 10-12% em 2026, embora afirme que uma hiperinflação ao estilo argentino é improvável. Ele prevê que a inflação poderia atingir de 8,6% a 9% no próximo ano, reforçando a necessidade de medidas econômicas eficazes para evitar uma crise maior.