A combinação recente de dados de inflação e mercado de trabalho nos Estados Unidos voltou a estimular o apetite ao risco nos mercados globais, mas também trouxe ruídos relevantes para a leitura do cenário macroeconômico. Indicadores como o CPI e o payroll apresentaram sinais contraditórios, o que exige cautela na interpretação de curto prazo. Ainda assim, o consenso entre gestores é que a economia americana caminha para uma desaceleração ordenada, sem recessão, preservando espaço para valorização do S&P 500 em 2026.
S&P no radar do mercado
Em entrevista à BM&C News, Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, avaliou que os números recentes estão distorcidos por fatores temporários, como os efeitos do shutdown do governo americano, o que dificulta conclusões definitivas sobre a real dinâmica do mercado de trabalho e da inflação.
“A leitura de payroll e CPI tem sido bastante poluída. A gente criou emprego, mas ao mesmo tempo o desemprego subiu. Isso é contraditório e exige mais dados para dezembro e janeiro”, afirmou.
FED reconhece distorções
Segundo Saravalle, o próprio Federal Reserve tem reconhecido essas distorções e sinalizado que precisa de uma sequência mais longa de indicadores antes de qualquer ajuste mais relevante na condução da política monetária. Apesar disso, o pano de fundo segue construtivo.
“A grande leitura positiva é que a economia americana desacelera em 2025, mas sem entrar em recessão, e seguimos em um processo de desinflação”, destacou.
S&P 500 em 2026: por que o mercado segue otimista
Na avaliação do CIO da MSX Invest, o mercado já começa a precificar 2026 com base em vetores estruturais que sustentam uma visão positiva para a bolsa americana. Entre eles, estão a desaceleração econômica controlada, sem sinais claros de recessão, o avanço do processo de desinflação — ainda que fora do centro da meta — e a resiliência da economia dos Estados Unidos, que segue sustentando resultados corporativos consistentes.
“O consenso é que temos mais upside para o S&P 500 em 2026, até porque a economia deve continuar saudável no próximo ano”, afirmou Saravalle.
Para o gestor, o foco dos investidores já começa a migrar do ruído de curto prazo para uma leitura mais estrutural do ciclo econômico, o que mantém o mercado acionário americano no radar para o médio e longo prazo.

