O pregão desta sexta-feira (21) pós-feriado começa com os investidores avaliando um conjunto robusto de informações no cenário internacional. O destaque é o relatório de payroll divulgado com atraso pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos e a decisão do governo americano de retirar as sobretaxas impostas a mais de 200 produtos brasileiros, medida que tende a aliviar pressões sobre setores exportadores e sobre o câmbio.
O relatório de emprego americano mostrou a criação de 119 mil vagas em setembro, número muito acima do consenso, que girava em torno de 50 mil. Entretanto, as revisões para meses anteriores reforçaram sinais de perda de dinamismo:
- Julho: revisão de 79 mil para 72 mil vagas
- Agosto: revisão mais profunda, de 22 mil para queda de 4 mil postos
Com isso, o total dos dois meses ficou 33 mil vagas abaixo do reportado inicialmente — uma deterioração relevante para a leitura de tendência.
O desemprego subiu para 4,4%, o maior nível em quase quatro anos. O número de desempregados alcançou 7,6 milhões de pessoas.
A taxa de participação ficou em 62,4%, ao passo que a relação emprego-população foi de 59,7%.
Nos salários, o ganho médio por hora avançou 0,2% no mês e 3,8% em 12 meses, para US$ 36,67, sinalizando pressão moderada de renda no curto prazo.
Um ponto de atenção para o mercado: outubro não terá relatório. O Bureau of Labor Statistics (BLS) vai consolidar as informações de outubro e novembro em um único documento, previsto para 16 de dezembro — depois da reunião do Fomc dos dias 10 e 11. Ou seja, o Federal Reserve tomará sua decisão de política monetária com menos visibilidade sobre o mercado de trabalho.
No CME Group:
- probabilidade de corte de 25 pontos-base em dezembro avançou para cerca de 40%,
- manutenção dos juros ainda é o cenário base, com aproximadamente 60% de probabilidade.
EUA encerram tarifa de 40% sobre produtos brasileiros
O governo Donald Trump retirou a sobretaxa de 40% aplicada desde julho a mais de 200 produtos brasileiros — incluindo café, carnes, frutas e castanhas. A decisão tem efeito retroativo a 13 de novembro e prevê reembolso dos valores pagos no período.
O movimento ocorre após quatro meses de tarifas adicionais que reduziram a participação dos EUA no total das exportações brasileiras de 12% para 8%, ao mesmo tempo em que o déficit comercial com os americanos aumentou mais de 340% no período. “Essa retirada da tarifa é, essencialmente, medo de pressão inflacionária nos Estados Unidos. Trump percebeu que o tarifasso poderia elevar ainda mais a inflação e deixar Jerome Powell dividido entre cortar ou até voltar a subir juros. Na minha opinião, isso não tem relação com estratégia diplomática do Brasil. É puro interesse americano em controlar a própria inflação”, comenta o mestre em Economia Roberto Dumas, professor do Insper.
A leitura predominante é que o recuo envolve tanto preocupações com inflação ao consumidor americano quanto efeitos da diplomacia econômica brasileira nas últimas semanas.
Agenda global: PMIs, confiança e falas do Fed
A sessão também será marcada por um fluxo intenso de indicadores e discursos:
PMIs de novembro
Serão divulgadas as leituras preliminares dos índices de atividade (serviços, indústria e composto) em:
- Alemanha
- Zona do Euro
- Reino Unido
- Estados Unidos
Os dados chegam em um momento de incerteza sobre a força da recuperação europeia e dos serviços americanos.
Confiança do consumidor dos EUA
O indicador da Universidade de Michigan traz:
- expectativas de inflação de 1 e 5 anos,
- avaliação sobre condições atuais e projeções para os próximos meses.
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