O mercado amanhece atento à recuperação judicial da Ambipar e à agenda corporativa marcada por novidades da Petrobras, Trisul e JHSF. Em análise, Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, comentou os principais destaques do dia e avaliou o cenário doméstico e internacional desta terça-feira (21).
Segundo Saravalle, o pedido de recuperação judicial da Ambipar representa “um dos episódios mais emblemáticos de destruição de valor da bolsa brasileira nos últimos anos”. A companhia busca proteção contra credores para dívidas superiores a R$ 11 bilhões, após crise de confiança envolvendo operações financeiras e a saída abrupta do ex-diretor financeiro. Leia a análise completa sobre Ambipar.
Petrobras avança na Margem Equatorial e reduz preço da gasolina
O mercado também segue atento a Petrobras, que recebeu autorização do Ibama nesta segunda-feira (20), para iniciar a perfuração exploratória na Margem Equatorial, na foz do Rio Amazonas. O movimento marcou o início da fase de pesquisa, ainda sem produção, mas com potencial estratégico relevante para o futuro energético do país.
Paralelamente, a estatal anunciou redução de 4,9% no preço da gasolina, ou R$ 0,14 por litro, para R$ 2,71 em média nas distribuidoras. A medida acompanha a queda das cotações internacionais e deve aliviar o IPCA em -8bps, segundo a estimativa da Warren Investimentos.
“A redução ajuda a inflação e melhora o ambiente macro, mas traz pressão de curto prazo no fluxo de caixa da companhia, que se beneficia do petróleo mais caro”, avaliou Saravalle.
Incorporadoras no radar do mercado: Trisul confirma bom momento; Lavvi sente desaceleração
A Trisul (TRIS3) reportou vendas líquidas de R$ 409,5 milhões no terceiro trimestre, alta de 30,1% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas brutas somaram R$ 456,2 milhões, avanço de 32,2%. Para a MSX, os números reforçam o bom desempenho do segmento de média e alta renda e podem refletir margens mais robustas no balanço.
Já a Lavvi (LAVV3) registrou queda de 31% nas vendas líquidas, para R$ 526 milhões. Apesar da retração, o estoque a valor de mercado segue elevado, em R$ 2,5 bilhões, o que indica potencial de conversão futura em receita.
Mercado de olho em JHSF
A JHSF (JHSF3) concluiu a quinta expansão do aeroporto executivo São Paulo Catarina e já iniciou a sexta fase de ampliação, com entrega prevista para o primeiro semestre de 2026. O complexo agora conta com 16 hangares e 80 mil m² adicionais de pátios.
Para Saravalle, a estratégia reforça o processo de re-rating da companhia. “A JHSF está se transformando em uma empresa patrimonial, previsível e rentável. O foco em ativos de receita estável, como o aeroporto, reduz risco e aumenta o prêmio de valuation no médio prazo”, explicou.
Log-In amplia presença na Zona Franca de Manaus
A Log-In (LOGN3), por meio da subsidiária Tecmar, anunciou a aquisição de um imóvel comercial em Manaus pertencente à Gradiente, por até R$ 40 milhões. A operação fortalece a presença logística da companhia na Zona Franca de Manaus, ampliando sinergias com o setor industrial e varejista da região.
Ambiente internacional mais calmo favorece ativos locais
No exterior, o presidente Donald Trump adotou tom mais conciliador com a China, afirmando esperar um “acordo muito bom para ambos os lados” e confirmando visita a Pequim no início de 2026. O movimento reduziu a tensão comercial e trouxe leve melhora ao apetite por risco global.
Os safe havens seguem valorizados, com ouro em alta e yields dos Treasuries em queda, em meio à continuidade dos conflitos no Oriente Médio e na Europa.
Resumo do dia
- Ambipar: pedido de recuperação judicial por dívidas de R$ 11 bilhões.
- Petrobras: avanço na Margem Equatorial e corte de 4,9% na gasolina.
- Trisul: crescimento de 30% nas vendas líquidas no trimestre.
- Lavvi: retração de 31% nas vendas, mas estoque elevado.
- JHSF: quinta expansão concluída e sexta fase em andamento no aeroporto Catarina.
- Log-In: compra de imóvel em Manaus fortalece operações logísticas.
De acordo com Saravalle, “o dia deve ser de leve otimismo para os ativos locais, sustentado pela queda da gasolina e por um ambiente externo mais calmo, embora o investidor siga atento ao comportamento das commodities e à política fiscal brasileira”.