O Ibovespa encerrou a sessão desta quinta-feira (27) em leve queda de 0,12%, aos 158.359 pontos, após três pregões seguidos de alta e recordes históricos. A sessão foi marcada pela liquidez reduzida, consequência direta do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, que tirou da mesa grande parte do fluxo estrangeiro. Além disso, o dólar avançou 0,32% e terminou o dia cotado a R$ 5,352, refletindo a busca por proteção em um ambiente de menor atividade.
Mesmo com o pregão esvaziado, o índice chegou a renovar a máxima histórica intradia, atingindo 158.863 pontos durante a manhã. Nesse sentido, o movimento reforça a resiliência do mercado acionário brasileiro, que ainda encontra suporte na expectativa de corte da Selic no início de 2025 e no fluxo doméstico consistente. Por outro lado, a queda da liquidez limitou movimentos mais amplos e manteve o índice próximo da estabilidade.
O que explica a oscilação do dia?
Entre os destaques corporativos, Vale (VALE3) recuou cerca de 0,38%, mesmo com o minério em leve alta no exterior, enquanto Petrobras (PETR4) avançou aproximadamente 0,53%, sustentada pelo otimismo em torno do novo plano estratégico da companhia. Além disso, ações de varejo e de consumo doméstico tiveram desempenho misto, enquanto bancos operaram perto da estabilidade em mais um dia de volume reduzido.
O que disse Flávio Conde sobre juros e volatilidade?
No Closing desta quinta, Flávio Conde, Head de Renda Variável da Levante Investimentos, destacou que parte da volatilidade global recente tem origem na comunicação errática dos bancos centrais. Segundo ele, a oscilação das apostas para decisões do Federal Reserve — que chegaram a ir de 90% para 20% e depois voltar a 90% em poucos dias — revela um cenário “absurdo para eventos que deveriam ser previsíveis”. Nesse sentido, afirmou que o discurso de “data dependent” tem sido usado como justificativa para mudanças de opinião, o que amplifica incertezas.
Enquanto isso, ao olhar para o cenário doméstico, Conde fez elogios diretos à postura do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, classificando-o como uma “surpresa positiva”. O analista avaliou que Galípolo tem sido firme, claro e técnico ao longo das últimas semanas, mesmo sob pressões políticas, o que ajuda a reconstruir credibilidade da instituição. Por outro lado, lembrou que o Brasil segue sendo fiscal dependent, e que o maior risco para 2025 continua sendo o avanço da dívida pública.
BC pode cortar juros antes do previsto?
Conde reforçou que os últimos indicadores — como os recuos recentes de IGP-M e IPCA-15 — abrem espaço para que o ciclo de cortes da Selic comece já em janeiro, antecipando a expectativa anterior de corte apenas em março. Além disso, explicou que cada redução de 1 ponto percentual na taxa básica tende a elevar em até 8% o “preço justo” das ações, fator que ajuda a explicar o bom humor estrutural da Bolsa nas últimas semanas.
O ritmo da Bolsa perde força?
Por mais que a queda de hoje tenha interrompido a sequência de recordes, o movimento foi considerado técnico. Enquanto isso, o Ibovespa acumula cerca de 31,6% de alta em 2025 e mantém valorização superior a 5% em novembro, sustentado tanto pela expectativa de juros menores quanto por fluxos internos consistentes. Nesse sentido, a visão de Flávio Conde permanece construtiva: se a credibilidade do BC for preservada e o fiscal não deteriorar, o índice segue com espaço para novas máximas nos próximos meses.















