O governo federal avalia alternativas de arrecadação para cobrir o déficit projetado de R$ 46 bilhões em 2026. As possibilidades incluem decretos, projetos de lei em urgência e a reedição do IOF sobre apostas, estimada em R$ 5 bilhões. O mercado reage com cautela e observa o impacto dessas medidas no câmbio e na curva de juros.
Nesse contexto, a leitura dos investidores é de que iniciativas pontuais podem aliviar o caixa, mas não substituem reformas estruturais. Segundo a análise de Beto Saadia, da Nomos, aumentos de impostos vêm cobrindo rombos inesperados sem avaliação completa de seus efeitos na atividade. Além disso, a percepção de risco fiscal elevou dólar e juros futuros, sinalizando menor tolerância a soluções imediatistas.
As medidas propostas são suficientes?
Para Beto Saadia, os anúncios recentes funcionam como um remendo diante de um problema estrutural. Ele ressalta que a economia sente os efeitos cumulativos de tributos adicionais sobre consumo e intermediação financeira, o que reduz competitividade e inibe investimento. Por outro lado, a ausência de um plano crível para despesas e receitas aumenta a incerteza e dificulta o planejamento das empresas.
Além disso, a fragmentação das iniciativas fiscais tende a gerar contencioso e volatilidade. O encurtamento de prazos na dívida e a busca por prêmios maiores na renda fixa refletem esse desconforto. Nesse sentido, a previsibilidade fiscal é condição para reduzir prêmios de risco e destravar investimento privado.
Quais instrumentos estão na mesa em 2026?
As discussões incluem medidas de impacto imediato e de maior fôlego. Enquanto isso, o mercado monitora sua execução, o calendário político e as reações no Congresso. Entre os itens recorrentes nas conversas técnicas, destacam-se:
- Reedição do IOF sobre apostas com meta de arrecadar cerca de R$ 5 bilhões;
- Decretos e projetos de lei em regime de urgência para ajustes tributários específicos;
- Revisão de benefícios e incentivos com corte seletivo para elevar receitas;
- Aperfeiçoamentos de compliance e combate à evasão para ampliar a base de contribuição.
Qual é a perspectiva macroeconômica?
O cenário é de desafio para conciliar metas fiscais e crescimento. A deterioração de expectativas eleva o custo de financiamento público e privado. Por outro lado, melhorias na comunicação e um roteiro transparente para despesas e receitas podem reduzir a volatilidade. Além disso, a coordenação entre política fiscal e monetária é essencial para evitar pressão inflacionária adicional.
O mercado precifica o balanço entre medidas com efeito rápido e reformas duradouras. Sem uma âncora crível para dívida e resultado primário, a compressão consistente da curva de juros permanece limitada. Nesse sentido, o avanço de um conjunto integrado de iniciativas pode atenuar a percepção de risco e melhorar o ambiente de negócios.
Como essas alternativas afetam o mercado financeiro?
A reação inicial foi negativa, com alta do dólar e dos juros futuros. Investidores interpretaram que as alternativas de arrecadação anunciadas têm alcance restrito e que o equilíbrio de médio prazo requer mudanças mais profundas. Além disso, o encurtamento da dívida e a exigência de maiores prêmios refletem a procura por proteção frente à incerteza.
Por outro lado, setores com balanços sólidos e baixa alavancagem tendem a atravessar melhor períodos de aperto financeiro. A renda fixa segue oferecendo oportunidade em prazos e indexadores distintos, dependendo da avaliação de risco e do horizonte de cada investidor.
Quais estratégias de investimento considerar?
Com a incerteza fiscal elevada, a diversificação é central. Nesse sentido, combinações entre pós-fixados, indexados à inflação e posições táticas em prefixados podem equilibrar risco e retorno. Além disso, acompanhar a tramitação das medidas e o impacto na arrecadação efetiva ajuda a ajustar prazos e exposição setorial.
Enquanto isso, ações de empresas com geração de caixa previsível, governança consistente e baixa sensibilidade a ciclo fiscal podem oferecer maior resiliência. Por outro lado, negócios dependentes de crédito subsidiado e demanda pública tendem a sofrer mais em fases de aperto orçamentário.
Conclusão: o que esperar do próximo ciclo?
A trajetória de 2026 dependerá de um pacote claro que una alternativas de arrecadação com revisão de despesas e metas verificáveis. O mercado espera previsibilidade para reduzir prêmios e alongar prazos de financiamento. Sem esse norte, o país pode enfrentar um ciclo de medidas paliativas, com menor crescimento e maior custo de capital.
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