Entre os donos de negócios no Brasil, 34,1% têm 50 ou mais anos, índice superior ao do mercado formal de trabalho (18%, conforme resultados da Relação Anual de Informações Sociais – Rais). É a faixa de maior participação, à frente dos grupos de 40 a 49 anos (25,1%), de 30 a 39 anos (24,2%) e dos que têm até 29 anos (16,6%). Os dados são do levantamento Retrato do Empreendedorismo no Brasil, organizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). A pesquisa inclui informações do IBGE e do Sebrae. “Embora tenha perdido fôlego desde o final de 2022 a atividade empreendedora no Brasil ainda é muito relevante”, afirmou a FGV Ibre. “É uma realidade para cerca de 29,3% do emprego no Brasil.” Essa taxa equivale a 30 milhões de pessoas.
Com dados do segundo trimestre deste ano, o levantamento mostra ainda que 21,5% dos empreendedores têm ensino superior completo, proporção maior do que a observada no mercado formal (15,2%, segundo a Rais 2024). Na análise da FGV, 40% têm ensino médio completo ou superior incompleto (63,6% na Rais). No início de 2012, os donos de negócio com curso superior eram menos da metade (10,3% do total), enquanto 25,6% tinham ensino médio completo ou superior incompleto. Agora, outros 13,7% têm fundamental completo (16,7% em 2012) e 24,8% não possuem instrução ou têm fundamental incompleto (47,4%).
Também durante o segundo trimestre, o FGV Ibre acrescentou perguntas sobre o empreendedorismo em sua Sondagem do Mercado de Trabalho (SMT), com 5,4 mil respostas. Para 70,4% deles, a empresa é a principal fonte de renda. Outros 29,6% disseram ter outra forma de rendimento principal. Sobre a motivação para optar pela atividade de empreendedor, a pesquisa não mostrou nenhuma resposta preponderante – 22,2% falaram em “desejo de independência” e 18,3% em “necessidade de renda extra”, além de 17,5% que se declararam desempregados (veja abaixo).

Embora o aumento do empreendedorismo possa ter várias consequências positivas para o mercado de trabalho e para a economia, uma grande parcela desses trabalhadores não possui proteção social ou registro formal como empresa. No segundo trimestre de 2025, por exemplo, apenas 34,4% donos de negócios possuíam registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Além disso, neste trimestre, 60,3% dos empreendedores não contribuíam para um instituto de previdência. Os números mostram que, embora essa forma de organização do trabalho tenha avançado no país, a falta de vínculos formais deste grupo com o Estado evidencia um elevado grau de vulnerabilidade.
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