A greve dos petroleiros da Petrobras alcançou 100% de adesão nas plataformas da Bacia de Campos, segundo o Sindipetro Norte Fluminense, filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). De acordo com as entidades, 28 plataformas da região estão paralisadas, consolidando o movimento como um dos mais fortes da categoria nos últimos anos.
Em nota, a FUP reiterou que a totalidade dos trabalhadores do Sistema Petrobras nas plataformas da Bacia de Campos aderiu à paralisação.
Produção segue relevante para a Petrobras apesar da paralisação
A Bacia de Campos abriga campos relevantes como Marlim e Roncador. Embora tenha perdido o posto de maior polo produtor do país para a Bacia de Santos, onde se concentram os campos do pré-sal, a região segue relevante na produção nacional.
Em outubro, a Bacia de Campos produziu cerca de 750 mil barris por dia, de um total superior a 4 milhões de barris diários no Brasil, considerando a produção de todas as empresas do setor, segundo dados da ANP. No mesmo período, Roncador produziu cerca de 80 mil barris de óleo equivalente por dia (boed), enquanto Marlim registrou 76 mil boed.
Apesar da amplitude do movimento, a Petrobras informou que não houve impacto na produção nem no abastecimento ao mercado. Segundo a estatal, operações foram repassadas a equipes de contingência, mobilizadas onde necessário, para garantir a continuidade das atividades.
Manifestação dos petroleiros
A mobilização ganhou visibilidade nesta quarta-feira com um ato realizado a partir das 6h em frente ao Portão de Cabiúnas, em Macaé (RJ). O protesto, segundo o Sindipetro, foi motivado pela falta de avanços nas negociações com a gestão da companhia. O Terminal de Cabiúnas funciona como centro de processamento e escoamento, recebendo gás e petróleo tanto da Bacia de Campos quanto do pré-sal.
A FUP também informou a expansão da greve para nove refinarias, após a adesão da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do Terminal de Suape, em Pernambuco. Além das refinarias, a paralisação atinge 13 unidades da Transpetro, quatro termelétricas, duas usinas de biodiesel, campos de produção terrestre na Bahia, a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB), a Estação de Compressão de Paulínia (TBG) e a sede administrativa da Petrobras em Natal (RN).
Denúncias e resposta da Petrobras
Em outra frente, a FUP afirmou ter denunciado, junto aos sindicatos, práticas que considera ilegais adotadas por gestores da Petrobras para dificultar a liberação de trabalhadores que aderiram à greve. Segundo a federação, há relatos de empregados mantidos por mais de 60 horas em unidades como a Reduc (RJ) e a Regap (MG), além de quase 48 horas na Lubnor (CE) e na Refap (RS).
As entidades informaram que acionaram a Justiça e órgãos de fiscalização, como o Ministério do Trabalho, que realizou diligência na Reduc para verificar as condições de saúde e habitabilidade dos trabalhadores retidos.
Em comunicado, a Petrobras reiterou que respeita o direito de manifestação dos empregados, mantém-se aberta ao diálogo com as entidades sindicais e afirmou que as equipes de contingência estão preparadas para garantir a manutenção das operações sem prejuízos à produção e ao abastecimento.

