O avanço dos Multi Family Offices e dos modelos de Wealth Service está remodelando o trabalho dos profissionais do mercado financeiro no Brasil. Nos últimos três anos, estruturas independentes cresceram 46%, impulsionadas por planejadores e assessores que buscam mais autonomia, flexibilidade e transparência na relação com seus clientes. Nesse novo ambiente, o profissional deixa de seguir metas institucionais e passa a ter liberdade para montar carteiras com arquitetura aberta, escolhendo produtos de diferentes bancos e plataformas.
Nesse sentido, a lógica de atendimento migra da venda para a consultoria. O consultor independente prioriza o desenho estratégico do portfólio, considerando o perfil de risco, liquidez e objetivos de cada investidor. “Hoje o foco está em entender o cliente em profundidade e entregar o que realmente faz sentido para ele. Não se trata de empurrar um produto, mas de construir uma estratégia de investimentos sob medida”, afirma Gustavo Assis, CEO da Asset Bank.
O que explica a disparada de até 185% nos ganhos?
A autonomia também se reflete diretamente na remuneração. Enquanto o modelo tradicional de Assessoria de Investimentos (AI) repassa, em média, 33% da receita gerada, os formatos Fee Fixo e Fee Based elevam esse percentual para até 70%. Além disso, o consultor passa a contar com suporte especializado — jurídico, contábil, tributário, sucessório e operacional — sem ficar preso a uma única instituição financeira.
Com isso, a performance e a fidelização do cliente tendem a melhorar, já que carteiras estruturadas de maneira independente podem superar em mais de 40% o desempenho observado em modelos atrelados a corretoras. O consultor, por sua vez, mantém a liberdade de escolher as melhores soluções do mercado, sem conflito de interesses e com alinhamento total ao valor gerado.
Quanto muda na prática?
- Carteira sob gestão: R$ 10 milhões
- Modelo antigo (AI): cerca de R$ 35 mil/ano (≈0,35%)
- Modelo independente: até R$ 100 mil/ano (≈1%)
- Aumento potencial: até 185% na remuneração
Além disso, muitas corretoras já passaram a adotar o fee fixo ou Fee Based para evitar a perda de clientes e profissionais. Mesmo assim, a remuneração do assessor tradicional permanece limitada, sem ganho proporcional ao resultado entregue. “No Wealth Service, o consultor deixa de ser apenas um intermediário e passa a se posicionar como um verdadeiro gestor patrimonial, podendo escalar sua operação com justiça e liberdade”, reforça Assis.
Com a consolidação desse movimento, o mercado financeiro brasileiro vive uma transição clara: o protagonismo sai das instituições e vai para o consultor — e, principalmente, para o cliente.














