O Papo de Dinheiro apresentado por Felipe Nascimento recebeu Fernando Brito do Grupo Maldivas e da Globus Seguros para discutir como a previdência privada pode proteger a aposentadoria em um momento de incerteza no INSS. O programa abordou fraudes, CPMI e o risco estrutural do regime público que depende da contribuição dos ativos para pagar os inativos. Além disso, o convidado explicou por que automatizar aportes e tratar a previdência como um custo mensal ajuda a formar patrimônio com disciplina.
A conversa mostrou que o problema não é apenas falta de informação e sim o excesso de dados desencontrados que travam decisões. Nesse sentido, a previdência privada funciona como uma solução simples para quem busca organização e horizonte de longo prazo. Por outro lado, ainda há mitos como a ideia de que é um produto de prateleira empurrado por gerente, quando na verdade existem fundos com gestão profissional, diferentes perfis de risco e regras tributárias próprias que favorecem quem permanece mais tempo investido.
Por que a previdência privada ganha relevância agora?
Os casos de fraude e a pressão demográfica tornam a projeção de benefícios públicos mais incerta. Enquanto isso, a previdência privada oferece previsibilidade de regras, liberdade para escolher perfis conservadores ou arrojados e possibilidade de aportes automáticos por débito ou boleto. Além disso, o investidor não sofre com o chamado come cotas e pode fazer portabilidade entre fundos e seguradoras sem disparar imposto, o que preserva o efeito do tempo sobre a capitalização.
Outro ponto relevante é a escolha da tributação na saída, mudança recente que reduz erros na largada. Nesse sentido, quem precisa resgatar antes pode optar pela progressiva e quem consegue esperar dez anos alcança alíquota de apenas dez por cento na regressiva. Por outro lado, planejamento sucessório exige atenção, já que a incidência de ITCMD varia por estado e depende de fatores como antiguidade do plano e composição do patrimônio declarado.
O que muda entre PGBL e VGBL?
Para simplificar a jornada, Brito sugeriu uma regra prática. Quem declara Imposto de Renda no modelo completo tende a se beneficiar do PGBL com dedução limitada a 12% da renda tributável do ano. Quem declara pelo modelo simples, é isento ou concentra rendimentos em pessoa jurídica geralmente se encaixa melhor no VGBL, que tributa apenas o ganho no resgate. Além disso, a escolha do fundo dentro do plano é tão importante quanto a sigla e deve seguir o perfil do investidor e seus objetivos de prazo.
- PGBL costuma ser indicado para quem usa declaração completa e busca abatimento anual
- VGBL é mais flexível para quem não tem base tributável e tributa somente o rendimento
- Tabela regressiva atinge 10% após dez anos por aporte
- Previdência não tem come cotas e permite portabilidade sem imposto
Como investir de forma prática em previdência privada?
O primeiro passo é transformar o aporte em hábito. Tratar o valor como conta obrigatória reduz a fricção psicológica e evita gastar o que sobrar. Além disso, o investidor pode alternar entre contribuição mensal e aportes extras por boleto quando houver folga de caixa. Enquanto isso, a alocação pode ser feita por multifundos que distribuem automaticamente o dinheiro em diversos gestores ou por escolha direta de fundos, sempre respeitando limites mínimos de entrada e o próprio perfil de risco.
Para quem teme errar na seleção de estratégias, uma rota segura combina início em fundo conservador próximo ao CDI, verificação de custos e ausência de taxa de carregamento. Nesse sentido, ao ganhar confiança, é possível migrar parte da carteira para multimercados ou renda variável usando a portabilidade. Por outro lado, não faz sentido girar posições o tempo todo, já que previdência é construção de longo prazo e se beneficia de poucas decisões muito bem tomadas.
Empresas utilizam a previdência corporativa como benefício e ferramenta de retenção. Há modelos apenas com contribuição do funcionário e modelos instituídos com contrapartida do empregador, estes últimos com maior adesão. Além disso, a regra de vesting pode ser modulada de acordo com o turnover do setor, alinhando a captura do benefício ao tempo de casa. Nesse sentido, para o trabalhador, a contrapartida representa rentabilidade instantânea sobre o aporte, muitas vezes imbatível quando vista como complemento de remuneração diferida.
Previdência privada serve só para aposentadoria?
A resposta curta é não. A previdência privada também pode financiar metas de médio e longo prazos como educação dos filhos ou sabático, desde que o horizonte supere dez anos para aproveitar a menor tributação. Enquanto isso, objetivos de curto prazo funcionam melhor em fundos tradicionais ou títulos de liquidez, evitando travar recursos em estruturas que dependem do tempo para entregar sua melhor eficiência fiscal.
Antes de contratar, vale checar credibilidade da seguradora, custos do fundo e se existe taxa de carregamento. Além disso, confirme a política de investimentos e a compatibilidade com seu perfil. Em caso de dúvida, a combinação VGBL com tabela regressiva e fundo conservador costuma ser uma porta de entrada equilibrada. Por outro lado, quem usa PGBL deve planejar os doze por cento ao longo do ano para não depender do sprint em dezembro e para reduzir riscos operacionais de última hora.
- Definir objetivo e horizonte de tempo com clareza
- Escolher entre PGBL e VGBL conforme a forma de declarar o Imposto de Renda
- Iniciar aportes mensais automáticos e considerar extras por boleto
- Selecionar fundos alinhados ao perfil com atenção a custos e limites
- Revisar anualmente e usar portabilidade quando houver mudança estrutural
A discussão do Papo de Dinheiro reforça que previdência privada é um pilar de disciplina e eficiência tributária quando utilizada com método. Além disso, a evolução regulatória e a oferta de bons gestores elevaram a qualidade dos produtos disponíveis. Por outro lado, o maior inimigo é a inércia. Começar simples, automatizar aportes e manter foco no longo prazo tende a gerar resultados consistentes. Nesse sentido, em um ambiente de dúvidas sobre o INSS, a previdência privada se consolida como ferramenta de segurança e construção de patrimônio com propósito.