O economista-chefe da Way Investimentos, Alexandre Espírito Santo, fez uma análise detalhada sobre os dados do IPCA-15, destacando que, embora a headline tenha registrado uma deflação de 0,14%, o cenário inflacionário permanece desafiador. “Os núcleos de inflação continuam pressionados, especialmente no setor de serviços“, alertou Alexandre. A pressão nos preços dos serviços é um indicativo de que a inflação não está sob controle total, o que exige um olhar cauteloso do Banco Central, na decisão sobre possíveis cortes da Selic.
Segundo o economista, o aumento nos preços de serviços pessoais e passagens aéreas, que têm sido fatores recorrentes nas últimas leituras, coloca uma sombra sobre a expectativa de um controle rápido da inflação. “Apesar da leitura positiva do IPCA-15, o impacto da inflação no setor de serviços e a difusão dos preços permanecem elevados“, afirmou. A difusão de preços, que se refere ao aumento generalizado dos preços, é uma preocupação central para a política monetária e, consequentemente, para a definição da Selic.
Por que o Banco Central deve manter a Selic alta?
Alexandre Espírito Santo explicou que, diante da pressão inflacionária persistente, o Banco Central não deve considerar uma redução das taxas de juros neste ano. “A queda nas taxas de juros deve ocorrer apenas quando houver uma evidência clara de que a inflação está sob controle, o que não é o caso neste momento“, afirmou. A Selic, principal ferramenta do Banco Central para controlar a inflação, tem sido mantida em níveis elevados para combater a pressão inflacionária.
Ele ainda ressaltou que a projeção é de que a taxa de juros só seja reduzida no início de 2026, quando a inflação começar a mostrar sinais mais claros de queda. “A atual política monetária precisa ser rigorosa, com uma vigilância constante sobre os indicadores econômicos. Qualquer sinal de descontrole pode exigir ajustes adicionais“, disse o economista. Para ele, é essencial que o Banco Central mantenha uma política monetária ativa para garantir a estabilidade econômica no longo prazo, o que está diretamente ligado à manutenção da Selic.
Como os investidores devem se preparar para o cenário inflacionário?
Diante da previsão de juros altos por mais tempo, Alexandre recomenda cautela para os investidores. Ele aconselha uma estratégia de investimento focada em ativos que possam proteger contra a inflação. “Investidores devem procurar setores que se beneficiam de um ambiente inflacionário, como commodities, e ações de empresas capazes de repassar os custos ao consumidor“, disse o economista.
Além disso, ele ressaltou a importância da diversificação dos investimentos. “A diversificação é fundamental, pois oferece proteção contra os impactos de uma inflação elevada, especialmente em momentos de incerteza econômica“, explicou. A diversificação pode incluir ativos no mercado de commodities, ações de setores resilientes e até mesmo investimentos internacionais.
Perspectivas para o mercado
- Projeção de juros altos: A Selic deve ser mantida elevada até 2026, segundo Alexandre Espírito Santo, para conter a inflação.
- Pressão nos serviços: A inflação de serviços, especialmente educação e transporte, deve continuar sendo um desafio para o controle da inflação.
- Foco em ativos protegidos contra a inflação: O economista recomenda que os investidores busquem setores como commodities e ações de empresas que possam repassar custos ao consumidor.
- Importância da diversificação: Uma estratégia bem diversificada é essencial para proteger o portfólio de investimentos contra os riscos inflacionários.
O cenário macroeconômico permanece desafiador, e a pressão inflacionária exige vigilância contínua. A estratégia do Banco Central será crucial para garantir a estabilidade, mas, como explicou Alexandre Espírito Santo, os investidores precisam de uma visão cuidadosa e fundamentada para navegar nesse ambiente incerto.