O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (18) que espera novos recuos dos Estados Unidos nas tarifas comerciais e disse acreditar que será possível chegar a um acordo negociado, sem a necessidade de medidas de reciprocidade. A declaração foi feita durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, ao final do encontro de fim de ano com jornalistas.
Segundo Lula, o governo brasileiro mantém diálogo direto com o ex-presidente Donald Trump, que lidera as negociações do lado norte-americano. “A cada 15 dias estou tomando atitude de mandar mensagem pessoal ao Trump falando sobre o processo de negociação”, afirmou.
Apesar de não descartar uma reação equivalente caso as tarifas sejam mantidas, o presidente disse que não tem interesse em um desfecho de confronto comercial. “Vamos conseguir chegar a um acordo”, declarou.
EUA e política tarifária
Lula avaliou que o ambiente internacional ainda permite avanços no diálogo e disse esperar anúncios de flexibilização por parte dos Estados Unidos. Para o presidente, a escalada tarifária não interessa a nenhuma das partes e pode prejudicar fluxos comerciais relevantes.
Embora tenha mencionado a possibilidade de reciprocidade, Lula reforçou que a prioridade do governo brasileiro é uma solução negociada, preservando canais diplomáticos e comerciais.
Acordo Mercosul–União Europeia
O presidente também comentou as negociações do acordo Mercosul–União Europeia, afirmando ter conversado recentemente com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. Segundo Lula, a líder italiana pediu mais alguns dias para concluir o processo de adesão ao acordo.
De acordo com o presidente, Meloni afirmou que não é contrária ao acordo, mas enfrenta um impasse político interno relacionado à resistência de agricultores italianos. “Ela ponderou que não é contra o acordo, apenas está vivendo um certo embaraço político por conta dos agricultores”, disse Lula.
Ainda segundo o presidente, a primeira-ministra acredita ser capaz de convencer os setores contrários e solicitou um prazo adicional. “Ela tem certeza de que consegue convencê-los a aceitar o acordo. Pediu uma semana, 10 dias, no máximo um mês”, afirmou.
Expectativa para o comércio global
Lula disse acreditar que a Itália estará alinhada ao acordo dentro desse prazo e que as negociações entre Mercosul e União Europeia seguem avançando, após anos de tratativas. Para o presidente, a conclusão do pacto representa um passo relevante para ampliar o acesso a mercados e fortalecer a posição do bloco sul-americano no comércio internacional.













