O IPCA-15 registrou alta de 0,25% em dezembro, informou o IBGE nesta terça-feira (23). O resultado veio acima da variação de novembro que eram de 0,20%, mas ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, que projetava avanço de 0,27%.
Com o resultado, o índice encerrou 2025 com alta acumulada de 4,41%, abaixo dos 4,71% registrados em 2024, indicando uma desaceleração no ritmo anual da inflação. Em dezembro do ano passado, o IPCA-15 havia avançado 0,34%.
Já o IPCA-E, que corresponde ao IPCA-15 acumulado trimestralmente, ficou em 0,63% no período de outubro a dezembro, bem abaixo da taxa de 1,51% observada no mesmo trimestre de 2024, reforçando a leitura de menor pressão na inflação no fim do ano.
Transportes lideram impacto no IPCA-15 de dezembro
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete apresentaram alta em dezembro. O principal destaque foi o grupo Transportes, que avançou 0,69% e respondeu pelo maior impacto individual no índice, com contribuição de 0,14 ponto percentual.
Dentro do grupo, o maior peso veio das passagens aéreas, que subiram 12,71%, respondendo sozinhas por 0,09 p.p. do IPCA-15 do mês. O transporte por aplicativo também pressionou, com alta de 9,% e impacto de 0,02 p.p.. Os combustíveis voltaram a subir (0,26%) após queda em novembro, com destaque para o etanol (+1,70%) e a gasolina (+0,11%).
Por outro lado, o transporte público urbano registrou quedas, influenciado por políticas de gratuidade aos domingos, feriados e em dias de provas do Enem, além de reduções tarifárias pontuais em capitais como Belém, Brasília e Curitiba.
Vestuário e serviços seguem pressionando
O grupo Vestuário também apresentou alta relevante, de 0,69%, com aumentos disseminados nas roupas infantis, femininas e masculinas. Já o grupo Despesas Pessoais desacelerou, passando de 0,85% em novembro para 0,46% em dezembro, mas ainda refletiu pressões em serviços como cabeleireiro e barbeiro, empregado doméstico e pacotes turísticos.
Habitação avança, apesar da queda na energia elétrica
O grupo Habitação teve alta moderada de 0,17%. Contribuíram para o resultado os reajustes no aluguel residencial, na taxa de água e esgoto e no gás encanado, com aumentos tarifários em cidades como Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.
A energia elétrica residencial, por sua vez, apresentou queda de 0,22%, refletindo a mudança da bandeira tarifária vermelha, em vigor em novembro, para a amarela em dezembro, apesar de reajustes regionais relevantes em capitais como Porto Alegre, Goiânia e Brasília.
Alimentação segue como fator de alívio
O grupo Alimentação e Bebidas, de maior peso no índice, subiu apenas 0,13%. A alimentação no domicílio recuou 0,08%, acumulando a sétima queda consecutiva, puxada principalmente pelas fortes baixas do tomate, do leite longa vida e do arroz. Em contrapartida, carnes e frutas registraram altas.
Já a alimentação fora do domicílio avançou 0,65%, com aumentos tanto nos lanches quanto nas refeições, mantendo a pressão dos serviços.
IPCA-15: diferenças regionais
Regionalmente, dez das onze áreas pesquisadas registraram alta em dezembro. A maior variação foi observada em Porto Alegre (0,50%), impulsionada pelas passagens aéreas e pela energia elétrica. O único resultado negativo foi registrado em Belém (-0,35%), influenciado pela forte queda nos preços da hospedagem e de itens de higiene pessoal.
Análise do IPCA-15
Segundo o economista Maykon Douglas, o resultado mostra uma inflação dentro do intervalo da meta, algo que o mercado sequer considerava há alguns meses.
Apesar da aceleração do núcleo de serviços na margem, a métrica encerrou o ano cerca de 2,6 p.p. abaixo do registrado em dezembro do ano passado, também na métrica MM 3M SAAR (onde gente tira efeito sazonal do índice, anualiza esse número e tira a média de três meses, com o objetivo de apurar a trajetória mais recente da inflação.
“O núcleo de serviços é um grande símbolo dessa trajetória de acomodação dos preços, embora esse trabalho ainda não esteja concluído. O dado de hoje não altera minha expectativa de que o BC começará a reduzir a taxa Selic em março. No entanto, ele certamente reforça a confiança da autoridade monetária em sua estratégia de aperto dos juros“, conclui.












