O governo federal articula uma operação de crédito para socorrer os Correios, envolvendo o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e bancos privados, segundo informações inicialmente publicadas pela Folha de S.Paulo. A operação contará com garantia do Tesouro Nacional e estará condicionada à adoção de medidas de ajuste pela estatal.
A iniciativa faz parte de um plano de reestruturação da empresa, que enfrenta uma grave crise financeira. De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, a necessidade total de recursos para manter as operações e executar o plano de ajuste é estimada em cerca de R$ 20 bilhões até 2026. Um eventual aporte direto do governo também não está descartado.
Por que a ajuda é necessária?
Os Correios têm acumulado prejuízos expressivos nos últimos trimestres, com forte deterioração da receita e aumento dos passivos trabalhistas e judiciais. A companhia encerrou o segundo trimestre de 2025 com prejuízo de R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes o resultado negativo registrado no mesmo período do ano anterior. No acumulado do primeiro semestre, o déficit alcançou R$ 4,37 bilhões.
Segundo interlocutores, o plano de reestruturação prevê medidas como programas de desligamento voluntário, ajustes em planos de saúde e renegociação de dívidas. A operação de crédito serviria para reforçar o capital de giro e financiar essas ações de ajuste.
Como será o empréstimo aos Correios?
O desenho final da operação ainda está em discussão, mas o formato proposto prevê uma linha de crédito com a participação de BB, Caixa e bancos privados, tendo o Tesouro como fiador. Em troca, a estatal deverá cumprir metas de eficiência e redução de custos, com acompanhamento dos ministérios da Fazenda, Gestão e Comunicações.
Além dos bancos públicos, instituições privadas que já participaram de financiamentos anteriores à estatal — como BTG Pactual, Citibank e Banco ABC Brasil — demonstraram interesse em participar da nova operação.
Quem conduz as negociações?
As conversas envolvem representantes da Fazenda, da Gestão e Inovação, das Comunicações e da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. A proposta é garantir liquidez imediata à empresa, reduzindo o risco de colapso operacional, enquanto se implementam medidas de eficiência.
Ainda segundo a Folha, há também a possibilidade de que parte dos recursos venha de um aporte direto do governo, dependendo da avaliação fiscal e do andamento das medidas de ajuste.
Nova gestão tenta acelerar ajustes
Com a chegada de Emmanoel Schmidt Rondon à presidência — funcionário de carreira do Banco do Brasil —, o governo busca imprimir maior ritmo às reformas internas e fortalecer a governança da empresa. A aposta é de que, após 2027, o processo de reestruturação permita economias expressivas e um novo posicionamento dos Correios no mercado.
Atualmente, o custo fixo anual da estatal varia entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões, o que torna qualquer redução de receita extremamente sensível para o equilíbrio financeiro. O plano do governo inclui a busca por novas fontes de receita e maior diversificação dos serviços, reduzindo a dependência da entrega de correspondências.