A Páscoa de 2025 deve pesar mais no bolso dos consumidores. A alta de 189% no preço do cacau nos últimos 12 meses, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), deve pressionar os preços dos ovos de Páscoa neste ano. Embora nem todo o aumento seja repassado diretamente ao consumidor, a tendência é de que os preços subam em função do aumento expressivo dos custos de produção.
O presidente executivo da Abia, João Dornellas, afirmou que as indústrias podem adotar estratégias para mitigar os aumentos, como a diversificação dos ingredientes dos produtos, incluindo recheios de biscoitos e outras alternativas menos onerosas. “O impacto pode ser suavizado com a oferta de produtos que utilizem diferentes combinações de ingredientes”, explicou Dornellas.
Crise global na oferta de cacau pressiona preços dos ovos de Páscoa
A elevação do preço do cacau não segue a mesma dinâmica de outros alimentos, que enfrentam aumentos por motivos internos, como inflação e custos de logística. No caso do cacau, a pressão vem de uma crise global de oferta. Problemas climáticos e sanitários afetaram as principais regiões produtoras, especialmente na África Ocidental, que responde por cerca de 70% da produção mundial.
A escassez global reduziu a oferta e, com isso, elevou os preços nos mercados internacionais. O Brasil, sétimo maior produtor mundial de cacau, não tem capacidade suficiente para suprir a demanda e amenizar os impactos globais, o que torna o mercado interno dependente das condições externas.
Inflação do chocolate no Brasil
O reflexo da crise já pode ser sentido nos preços internos. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o chocolate acumulou uma alta de 11,9% nos 12 meses encerrados em dezembro de 2024. A tendência é que essa elevação continue até o período da Páscoa, especialmente se a oferta global continuar restrita.
Para os consumidores, a principal consequência será o aumento do preço dos ovos de Páscoa e outros produtos à base de chocolate. Para as empresas, o desafio será ajustar as estratégias de precificação sem perder competitividade em um mercado altamente sensível a aumentos de preço durante datas sazonais.
