Por anos, o CDI foi considerado um dos pilares mais seguros e rentáveis para investidores brasileiros conservadores. No entanto, uma análise recente apresentada por Juliana Benvenuto, coordenadora de Treinamento e Conteúdo da Avenue, traz uma provocação importante: será que o CDI realmente bate qualquer investimento?
Segundo ela, ao considerar variáveis como inflação e câmbio, o tão celebrado retorno de 142% do CDI no período entre janeiro de 2015 e dezembro de 2024 se transforma em um número bem menos animador para quem pensa em dólar.
“Só de considerar o efeito da inflação, esse retorno de 142% já cai para 38%. E se usarmos o dólar como referência, esse retorno real do CDI desaba para apenas 4%”, afirma Juliana.
Tesouro americano supera CDI em dólar
A provocação vai além. No mesmo período analisado, um título de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasury), com rendimento anual de 2%, acumulou retorno total de 22%. A comparação direta entre o CDI convertido para dólar (4%) e o Treasury (22%) escancara uma verdade desconfortável: as Treasuries renderam quase seis vezes mais para quem pensa em moeda forte.
Juliana reforça: “Comparar o CDI em reais com um título americano em dólares é como comparar laranja com maçã. Mas quando você converte ambos para dólar, a comparação passa a ser justa — e o resultado surpreende.”
Renda fixa nos EUA está ainda mais atrativa hoje
A realidade do momento atual é ainda mais favorável para quem mira a renda fixa nos EUA. Com as Treasuries de 10 anos oferecendo rendimentos de 4% ao ano, o investidor que entrar hoje nesse papel poderá obter um retorno total de 48% até o vencimento.
“É literalmente 12 vezes mais do que o CDI em dólar entregou na última década”, destaca Juliana. “E estamos falando de um investimento lastreado no governo americano, amplamente reconhecido como um dos mais seguros do mundo.”
O risco de confiar demais no senso comum
O vídeo termina com uma mensagem clara: o mercado financeiro é repleto de mitos, e acreditar cegamente em máximas como ‘nada bate o CDI’ pode comprometer a estratégia de longo prazo do investidor.
Juliana recomenda uma análise mais ampla da rentabilidade, levando em conta a moeda base do patrimônio, o poder de compra e a diversificação internacional.
“Quando olhamos apenas o número bruto em reais, ignoramos os efeitos da inflação e da desvalorização cambial. A decisão de onde investir deve considerar qual moeda protege e valoriza seu patrimônio no tempo.”
