O Programa Bolsa Família (PBF), um dos maiores programas de transferência de renda com condicionalidades do mundo, tem desempenhado um papel crucial na melhoria da saúde pública no Brasil. Um estudo recente publicado na revista The Lancet Public Health revelou que, ao longo de seus 20 anos de existência, o PBF evitou mais de 700 mil mortes e 8 milhões de internações hospitalares. Este impacto foi especialmente significativo entre crianças menores de cinco anos e idosos com mais de 70 anos.
Pesquisadores da Fiocruz, da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade de Barcelona (UB) conduziram uma análise abrangente que abrangeu dados de 3.671 municípios brasileiros. Esses municípios foram selecionados com base na qualidade de seus registros civis e estatísticas, representando mais de 87% da população do país. A pesquisa destacou a importância do PBF na redução de doenças infantis e maternas, além de diminuir a mortalidade por causas específicas, como HIV/Aids e tuberculose.
Como o Bolsa Família influencia a mortalidade e hospitalização?
O estudo mostrou que o Bolsa Família não apenas combate a pobreza, mas também tem efeitos diretos na saúde da população. A análise evidenciou que a mortalidade infantil caiu 33% e as internações de idosos acima de 70 anos foram reduzidas pela metade em áreas com alta cobertura do programa. Isso significa que quanto maior o número de famílias elegíveis atendidas e maior o valor médio transferido por família, mais robustos são os efeitos na saúde pública.
Durante períodos de crises econômicas, sanitárias e climáticas, reforçar programas como o Bolsa Família pode ser decisivo para proteger as populações mais vulneráveis. Os autores do estudo combinaram modelos retrospectivos com preditivos, projetando que uma expansão do PBF até 2030 poderia evitar outras 683 mil mortes e mais de 8 milhões de internações.

Qual é o futuro do Bolsa Família e sua importância global?
O estudo também contribui para os objetivos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada pelo Brasil durante sua presidência do G20 em 2024. Ao evidenciar os impactos positivos do Bolsa Família na saúde, a pesquisa reforça a importância de políticas públicas integradas que combinem proteção social com acesso a serviços essenciais. Isso se alinha ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 da ONU, que visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos até 2030.
O sucesso do Bolsa Família demonstra que combater a fome e a pobreza com políticas públicas baseadas em evidências também é investir em saúde e desenvolvimento humano sustentável. A experiência brasileira serve como exemplo para o mundo, mostrando que programas de transferência de renda podem ser ferramentas poderosas na promoção da saúde e da equidade global.
O papel do Bolsa Família na promoção da saúde e bem-estar
Em 2024, o Brasil celebrou os 20 anos do PBF, que abrange 50 milhões de brasileiros. Esses programas destinam recursos financeiros a famílias em situação de pobreza, desde que cumpram compromissos nas áreas de saúde e educação. O objetivo é reduzir a pobreza no curto prazo e romper o ciclo intergeracional da pobreza.
Atualmente, o PBF abrange mais de 20 milhões de famílias, transferindo uma média de US$ 139 para cada domicílio mensalmente, com um orçamento geral de aproximadamente US$ 34,5 bilhões em 2023. A pesquisa sobre os efeitos do PBF foi financiada por organizações internacionais, como parte do esforço global por soluções baseadas em ciência para os grandes desafios do século 21.