Recentemente, a Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados realizou uma audiência para debater o reposicionamento estratégico da Caixa Econômica Federal (CEF), principalmente no que diz respeito à expansão do atendimento digital e o impacto no fechamento de agências físicas. Os encontros visam compreender as mudanças e mitigar impactos sociais e trabalhistas.
A Transformação Digital e o Novo Modelo de Atendimento da Caixa Econômica Federal

Agencia da caixa Créditos: depositphotos.com / diegograndi
Durante a audiência, o banco estatal apresentou dados que evidenciam seu empenho na modernização dos serviços, destacando que houve um crescimento de 231% no uso de dispositivos móveis para transações bancárias nos últimos anos. A superintendente de estratégia de clientes e inovação da Caixa Econômica Federal, Fernanda de Castro, afirmou que, enquanto muitos bancos optaram por reduzir significativamente o número de agências físicas, a Caixa continua a investir em infraestrutura, mantendo forte presença física em regiões carentes de serviços bancários.
A Caixa Econômica Federal confirmou a abertura de 70 novas unidades, concentrando esforços em regiões do Nordeste, Norte e Sudeste, além de incluir modalidades inovadoras de atendimento, como barcos e caminhões, para alcançar áreas isoladas. Esses esforços visam garantir que a expansão digital ocorra sem perder a acessibilidade física que caracteriza a instituição.
Fechamento de Agências e Impactos nos Trabalhadores
O fechamento de agências provocou reações de entidades representativas dos empregados da Caixa Econômica Federal. O presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoal da Caixa, Sérgio Takemoto, expressou preocupações em relação ao fechamento de cerca de 120 agências, especialmente em estados como São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Paraná. Ele destacou a importância de manter a Caixa com um viés social, além de competitiva no mercado.
Antônio Abdan, do Sindicato dos Bancários de Brasília, também questionou a dependência crescente das lotéricas para o atendimento presencial, apontando para possíveis precarizações tanto no serviço prestado quanto nas condições de trabalho dos empregados destas unidades.
A Reação da Comunidade e Medidas Adotadas
Em algumas regiões, movimentos sociais e intervenções legais buscaram reverter o fechamento de agências. Em São Paulo, por exemplo, uma ação popular garantiu a permanência de uma unidade em uma área de comércio popular. Os sindicatos reforçaram seus apelos, sublinhando que o fechamento das agências poderia impactar não apenas clientes, mas a economia das localidades.
A Caixa Econômica Federal garantiu que não tem diretrizes para demissões em massa. Fernanda de Castro reiterou que todas as decisões estão sendo tomadas com foco na preservação dos empregos e que o banco participará de novas rodadas de negociações para ajustar e esclarecer a situação.
Próximos Passos e Diálogo Aberto
A deputada Erika Kokay, uma das figuras à frente do debate, enfatiza a necessidade de um diálogo contínuo e construtivo entre a Caixa Econômica Federal, os sindicatos e as comunidades afetadas. Segundo ela, a Caixa desempenha um papel crucial na articulação de políticas públicas, portanto, ajustes pontuais no plano de fechamento das agências são essenciais para não comprometer programas sociais importantes.
A Caixa Econômica Federal também anunciou um concurso com o objetivo de contratar cerca de 4 mil novos servidores, o que sugere um comprometimento com a manutenção e fortalecimento de sua força de trabalho.
Com as discussões ainda em andamento, o processo de transição da Caixa Econômica Federal para um modelo híbrido de atendimento está longe de ser concluído, e as partes interessadas continuam a dialogar para encontrar soluções que atendam aos interesses de todos os envolvidos.