Foi divulgada na tarde desta quarta, 9, a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve. A análise é referente à reunião de junho de 2025 e revela cenário dividido entre os membros da instituição quanto ao futuro da política monetária dos EUA. Embora a maioria dos membros ainda considere apropriada uma redução das taxas de juros em breve, as opiniões sobre o número de cortes variam significativamente, refletindo as tensões entre o foco no controle da inflação e o risco de desaceleração econômica.
A economista Andressa Durão, do ASA, destaca que a ata da reunião do FOMC de junho reflete a preocupação com ambos os lados do mandato do Fed. Ela observa que, embora a maioria dos participantes ainda considere a redução das taxas de juros como uma medida apropriada para este ano, o documento também reflete a divisão interna dentro do Comitê. Para Durão, a maior parte dos membros do Fed acredita que o impacto das tarifas sobre a inflação será limitado e temporário. “A ancoragem das expectativas de inflação e os riscos de enfraquecimento do mercado de trabalho continuam sendo fatores que mantêm espaço para cortes de juros. Isso fica claro na ata, que aponta a maior confiança na possibilidade de corte nas próximas reuniões”, afirma. Além disso, Durão observa que a ata evidencia uma tendência de maior clareza nas discussões internas, com membros mais dovish já se posicionando abertamente a favor de cortes de juros no curto prazo.
Ata destaca dúvidas sobre corte de juros
A maior parte dos participantes da reunião demonstrou suporte para cortes de juros no futuro próximo, com a expectativa de que a taxa de juros atual já possa estar próxima do nível neutro. No entanto, alguns membros argumentaram que nenhuma redução seria apropriada para este ano, principalmente devido ao risco de impulsionar a inflação, que continua acima da meta de 2%. Para esses membros, o foco deveria ser manter a taxa inalterada até que os dados econômicos forneçam uma imagem mais clara da trajetória da inflação e do mercado de trabalho.
Pressões inflacionárias
A ata também destacou as pressões inflacionárias induzidas pelas tarifas como um fator importante no debate sobre a política monetária. No entanto, essas pressões foram consideradas por muitos como “temporárias e modestas”. A visão predominante entre os membros é de que os efeitos das tarifas sobre os preços podem ser limitados, não alterando de forma significativa o quadro inflacionário de médio a longo prazo. A continuidade da inflação acima da meta foi considerada uma preocupação, mas a confiança de que essa pressão possa ser temporária permitiu a abertura para discussões sobre uma possível redução das taxas.
Divisão no comitê e decisões futuras
Um dos principais pontos destacados pela ata foi a divisão dentro do FOMC. Membros mais dovish, que tradicionalmente favorecem uma política monetária mais acomodatícia, já sinalizaram publicamente que consideram apropriado um corte de juros a curto prazo. Em contrapartida, outros membros mais hawkish, preocupados com os riscos de uma inflação persistente, defendem que seria mais prudente aguardar mais dados antes de realizar qualquer corte substancial. Essa divisão reflete a complexidade do momento, com a economia dos EUA mostrando sinais de resiliência, mas com preocupações constantes sobre o impacto das políticas comerciais e os riscos de um enfraquecimento do mercado de trabalho.
A ata do FOMC mostrou um comitê ainda dividido, mas com uma inclinação geral para o corte de juros no futuro próximo, principalmente à medida que a inflação começa a perder força e a economia se mantém resiliente. A expectativa de que a redução de taxas possa ocorrer já em setembro continua, embora o Fed tenha sinalizado cautela e a necessidade de monitorar mais dados antes de ajustar sua política monetária. A busca por um equilíbrio entre o controle da inflação e a manutenção do crescimento econômico será, sem dúvida, o desafio central nas próximas reuniões do Comitê.
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